O Brasil já repatriou mais de 2.300 pessoas do Líbano na Operação Cedro Roots. Desde outubro, o movimento de famílias e indivíduos conta com o apoio de parceiros como a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR.
A agência da ONU disponibiliza tradutores que acolhem pessoas que chegam ao Brasil sem falar português ou que têm dificuldade de se comunicar no idioma.
Experiência de integração
A Operação Raízes do Cedro também oferece transporte, identificação, acolhimento, atendimento médico e psicossocial para pessoas que saem do país em conflito.
Um dos envolvidos na recepção é Zamer Zaiter, que coordena a equipe de intérpretes. Ele lembra da própria experiência de integração e diz estar feliz por fazer parte de uma operação em prol de pessoas que buscam paz e segurança no Brasil.
“Estamos aqui apoiando a questão da comunicação na tradução. Estou aqui coordenando a equipe de tradutores e dando importância às famílias. Algumas famílias estão chegando e não falam a língua por diversos motivos. Essa pergunta é importante, porque me lembro de 10 anos atrás, quando cheguei ao Brasil. Sei como é difícil chegar em algum lugar e não saber falar a língua. A ideia é garantirmos que a sua recepção ocorra em todas as etapas de forma acolhedora e organizada.”
Um dos momentos de chegada de parte dos milhares de beneficiários ao Brasil foi acompanhado pelo secretário nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, André Quintão.
Trabalho integrado do Governo Federal
“Já são mais de 2 mil pessoas que saíram da zona de guerra, do conflito. E o mais importante é que essa chegada também suscita e exige um trabalho integrado do Governo Federal e de diversas instituições parceiras como o ACNUR. É um trabalho humanitário integrado e, felizmente, neste caso para as pessoas que conseguiram sair, rendeu bons resultados.”
No Brasil, o ACNUR promove uma iniciativa online que arrecada fundos para milhares de libaneses que também estão fugindo para países como a Síria, onde um grande número deles estava anteriormente.
Ao desembarcar em solo brasileiro, Fátima Abdala destacou a oportunidade de ter viajado com parte da família. O ACNUR destacou que os libaneses enfrentam graves consequências humanitárias devido aos confrontos.
“Graças a Deus agora estamos seguros aqui, eu e as crianças. Meu marido ainda está lá. Obrigado, Brasil. Agora estamos salvos.”
Recuperar a felicidade
Depois de deixar seu país em tempos de conflito, Sara Courani diz que chegar em terras brasileiras a ajudou a recuperar a felicidade. O ACNUR apoia libaneses e refugiados com itens essenciais, fundos e abrigo.
“Já se passaram 36 dias desde que fugimos de casa e para outros lugares. Hoje foi o primeiro dia em que ficamos felizes. Estou sorrindo porque estou de volta ao meu país. E o meu Líbano, o Líbano também é o meu país.”
A mistura de emoções dos libaneses acolhidos no Brasil é vivenciada por Samya Ayoub. Ela também foi repatriada e narra sua chegada ao local onde nasceu, saiu e voltou em busca de abrigo.
“Sinto-me feliz e ao mesmo tempo triste. Já faz um tempo que não venho ao meu país natal e estou muito feliz por ter chegado aqui. Ao mesmo tempo fico triste por quem está lá. Eu oro por eles. Rezo muito por eles e peço a Deus que acabe com tudo isso o mais rápido possível”.
Noites sem dormir e ansiedade
Maria da Glória de Oliveira aguarda na saída do aeroporto a chegada de alguns familiares para ver uma esperança concretizada. Na recepção da filha e dos acompanhantes, ela expressou alívio.
“Estou ansioso por isso. Estou nervoso. Estou tentando há mais de uma semana fazê-la ir embora. Para vir aqui com as crianças. Não estou comendo direito e não dormindo direito. Já tive duas noites em que não consigo dormir e a ansiedade está me matando. Que tudo dê certo como deu com minha filha. Foi cansativo, foi uma correria, mas graças a Deus deu certo e boa sorte a quem estiver lá.”
As Nações Unidas dizem estar preocupadas com o impacto crescente dos combates entre as Forças de Defesa de Israel e o Hezbollah sobre os civis libaneses.
A organização reiterou que todos respeitam o direito internacional e protegem os civis e as infraestruturas.
*Com relatório do ACNUR Brasil.
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