O policial federal Wladimir Matos Soares, preso nesta terça-feira (19)estava sendo investigado por suspeita de repassar informações sobre a segurança de Lula (PT), durante a transição de governo, para pessoas ligadas a Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a Polícia Federal, Wladimir enviou dados pessoais de um agente de proteção do PT e disse aos aliados de Bolsonaro que aguardava o “golpe de caneta” do então presidente para auxiliar no golpe de Estado.
O policial federal conversava com o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, assessor especial da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. O soldado é investigado por planejar um golpe contra a eleição de Lula e foi apontado como um dos responsáveis pela fraude envolvendo a carteira de vacinação do ex-presidente.
“Eu e minha equipe temos todos os equipamentos prontos para [sic] vá ajudar a defender o PALÁCIO e o PRESIDENTE. Basta a caneta sair! [sic]“, escreveu Wladimir em uma das mensagens enviadas a Cordeiro.
Durante a transição, o policial atuou na equipe responsável pela segurança do presidente eleito. Lula, na época, estava hospedado em um hotel na região central de Brasília. O relatório da Polícia Federal mostra que Wladimir aproveitou seu papel para repassar informações sensíveis ao grupo bolsonarista que planejava o golpe de Estado.
No dia seguinte à diplomação de Lula, por exemplo, ele enviou imagens e áudios de um soldado que fazia parte da equipe de segurança do presidente eleito. Wladimir queria confirmar se o segundo-sargento reformado Misael Melo da Silva era realmente alguém ligado ao petista.
Misael tinha acabado de se hospedar em um hotel próximo ao local onde Lula estava hospedado. Segundo Wladimir, o militar não quis se identificar e disse que o sigilo era importante porque atuava na segurança do presidente eleito.
Cordeiro disse que iria verificar se Misael era do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O policial, porém, envia um áudio dizendo que obteve informações sobre a relação do segundo sargento com Lula.
“Como aconteceu aquela situação no prédio da Polícia Federal, ontem, eles chamaram a equipe do COT (Comando de Operações Táticas). E uma equipe do COT, como o LULA, estaria lá no prédio, sabe, do MELIÁ, é… um O A equipe do COT estava disponível, ali perto, então eles hospedaram essa equipe do COT aqui no WINDSOR”, disse Wladimir no áudio.
No dia anterior, bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General do Exército tentaram invadir a sede da Polícia Federal para libertar à força o cacique Serere Xavante, preso por atos antidemocráticos.
A segurança de Lula foi reforçada após os atos de vandalismo, que resultaram no incêndio de ônibus e no caos em Brasília.
“Foi isso, estava tudo combinado mesmo. Ok? Só para que, de repente, você tenha essa informação. Obrigado, meu irmão? Um abraço. Vamos torcer, meu irmão. Estamos aqui nessa multidão. Essa merda tem que mudar logo. Não, você não pode continuar assim, irmão, estou pronto”, continuou o policial no áudio.
A Polícia Federal afirma que as provas obtidas durante a investigação mostram que Wladimir se colocou “à disposição para atuar no Golpe de Estado, demonstrando adesão subjetiva à ruptura institucional”.
Como mostram documentos produzidos pelos militares, o plano de golpe de estado envolveu matar Lulao vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
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No relatório da investigação, a PF diz que as provas revelam que Wladimir “atuou em unidade de desenho com a organização criminosa, que tentou consumar um golpe de Estado, fornecendo informações que poderiam de alguma forma subsidiar as ações que seriam deflagradas, se o Decreto Golpe fosse assinado”, especialmente ligado a Lula.
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