Correio Braziliense – Aos 43 anos e já com uma longa carreira política, Carlos Roberto Massa Júnior, governador do Paraná, pretende alçar um voo mais alto: a Presidência da República em 2026. A confirmação foi dada na entrevista que concedeu, ontem, a CB.Power — uma parceria entre o Correio Braziliense e o TV Brasília.
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Apesar de afirmar que ex-presidente Jair Bolsonaro ainda é o principal nome da direita para a disputa — embora esteja inelegível para concorrer na próxima disputa pelo Palácio do Planalto —, Ratinho Junior considera que sua experiência como ex-deputado federal, ex-secretário de Estado e governador reeleito é suficiente para credencia-lo. ele ao cargo mais alto do país.
Um dos trunfos para competir contra a concorrência é o fato de o Paraná estar no azul e ter caixa para fazer investimentos. Sobre a tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro de 2023, Ratinho Junior defende que o projeto de anistia aos extremistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ser discutido — ele entende que foi um crime de vandalismo e não de terrorismo ou tentativa de quebrar o Estado Democrático de Direito. Abaixo estão os principais pontos da entrevista.
Pretende concorrer à Presidência da República em 2026?
Cada estado tem sua importância, mas o Paraná é a quarta maior economia [do país]o maior produtor de alimentos por metro quadrado. O Paraná tem em andamento o maior projeto portuário, com R$ 600 milhões do governo do estado em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). É natural que o partido discuta e até coloque o nosso nome como protagonista. O PSD é tão grande que colheu muitos frutos da visão do presidente Gilberto Kassab. Poucos têm um olfato apurado como ele. O PSD tem a missão de discutir o país e ser uma referência para apontar o caminho. Agora, se será meu nome terá que ser discutido internamente.
Você se sente preparado?
Veja meu histórico. Tenho formação acadêmica, pós-graduação, fui deputado estadual duas vezes, deputado federal duas vezes, secretário de estado, bancada, governador duas vezes, eleito e reeleito no primeiro turno com a maior votação da história do meu país. estado. Acredito que minhas habilidades de gestão me colocaram no conselho.
Existem outros governadores no jogo para a corrida presidencial. Mas o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda tenta a anistia. Você acredita
O que ele consegue?
Ele é hoje um grande nome nesse nicho eleitoral. Acredito que ele deveria ser autorizado a ser candidato. Não é possível que alguém seja punido por ter reunião com embaixadores. É um ótimo nome, sem dúvida.
O PSD foi o grande vencedor nas eleições autárquicas de outubro. Que mensagem os eleitores deram?
Penso que mais do que a discussão ideológica, o PSD implementou um método de trabalho, um método de gestão. Fazer mais com menos, dinamizar o setor público, mas sem perder o viés social. Muitas vezes, havia uma dicotomia de que a direita não conversava com a área social e a esquerda conversava mais. O Paraná é possivelmente o estado que mais cortou o setor público. Mostramos que é possível ter justiça social com um modelo de governo que entende que é importante agilizar a máquina, que é mais liberal na agenda econômica. E a população reconheceu isso.
Você acredita que novos outsiders, como Pablo Marçal, poderiam surgir e deixar os governadores em segundo plano na corrida presidencial?
É possível. A internet é gratuita e nem todo mundo sabe como usá-la. Tem gente que faz o Big Brother no setor público. No começo as pessoas gostam de polêmica e isso até gera negócios. Mas quando vai para o campo do projeto, da preparação, a população para e começa a analisar a solução dos problemas. Isso aconteceu em Curitiba, em Goiânia.
Há pouco espaço então para alguém como Pablo Marçal…
Não estou limitando o espaço dele. Isso depende muito da sua capacidade de mostrar que, além de ser uma pessoa que tem muita capacidade de audiência na internet, ele pode transformar isso em uma solução.
O crescimento do estado tem a ver com as mudanças que você faz na educação?
Sim. Quando você tem uma boa educação você tem investimento. Uma área que está crescendo muito é a programação. O Brasil deverá ter cerca de 600 mil vagas para programadores. Criamos o maior programa de programação em escolas do Brasil. Temos meio milhão de estudantes fazendo programação. Está no currículo escolar, assim como a educação financeira. Temos como falar em público, administrar seu próprio dinheiro, entre outros conteúdos. A população brasileira não aprendeu a lidar com o dinheiro, nem mesmo na escola. Temos mais de 300 mil alunos aprendendo robótica. Quando esses pilares são fechados, cria-se uma força de trabalho muito boa.
Isso está atraindo empresas para o estado?
Estamos no maior período histórico de população adulta com carteira assinada — 82% da população adulta trabalha com carteira assinada. Isso acontece porque muitos investimentos estão chegando. Estamos somando R$ 280 bilhões em investimentos do setor privado em cinco anos.
O Paraná tem 91% de frequência escolar. Como você conseguiu chegar a esse nível?
O Paraná ficou em sétimo lugar em 2019. Reestruturamos o ensino. Nós não inventamos nada. Começamos a olhar para os países que conseguiram sucesso através da educação. A Coreia do Sul foi o país mais miserável da década de 1960. Hoje é referência, deu um salto em qualidade de vida e se tornou uma potência na área de tecnologia e startups. Tive que levar jovens e crianças para a escola. Por ser um país muito pobre, introduziu uma boa alimentação e conseguiu levar as pessoas à escola. No Paraná, as crianças comiam carne uma vez por semana. Hoje, ele come proteína animal todos os dias. Carne, frango, porco, peixe. Fizemos uma melhora nutricional. A criança chega na escola e come. No recreio ele come de novo e, antes de ir para casa, come de novo. À tarde é a mesma coisa. Ligados a uma nova metodologia, como a matemática gamificada, trazemos ferramentas. Os jovens estão conectados e fazem parte da tecnologia.
Que tal proibir telefones celulares nas escolas?
Acho que o debate é válido – mesmo muita água faz mal. Se você conseguir, mesmo com a proibição, implementar ferramentas que possam ajudar o professor, é válido.
Você é a favor ou contra?
eu sou a favor [da proibição]. Eu acho que há muito. Mas isso não significa que sou contra as ferramentas tecnológicas. Depois a gestão escolar tem que ver onde a tecnologia pode ajudar o ensino.
Você falou sobre empresas se instalando no Paraná. No cenário nacional, fala-se em cortes orçamentários. No Paraná você terá que cortar alguma coisa?
Não, porque fizemos o dever de casa desde o primeiro dia de expediente. Reduzi secretarias, cargos em comissões, agências, diretorias. A partir daí você cria uma escada, reduzindo a máquina como um todo. Quem não cuida das contas não consegue cuidar dos pobres. Só muda a escala, mas a regra é básica. Ninguém pode ter qualidade de vida se estiver endividado – começará a ter problemas conjugais, os filhos ficarão irritados. Tomamos todos esses cuidados e, hoje, o Paraná é o segundo [estado] que mais cresce na actividade económica. Somos A, ou seja, saúde fiscal e financeira para fazer investimentos.
Quanto à anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O projeto estava em pauta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), foi retirado, mas o PL pressiona para que seja reinserido.
Você acha que deveria haver uma anistia, levando em conta também o ataque da semana passada ao Supremo Tribunal Federal?
Acho que a discussão é importante. O Congresso deve colocar esse assunto na agenda. Tivemos no Paraná não apenas uma, mas duas vezes, eventos muito parecidos com o dia 8 de janeiro. E aí, lamentavelmente, não foram punidos. O vandalismo deve ser punido. Alguns tratam isso como terrorismo, um golpe. Eu trato isso como vandalismo irresponsável e devo ser punido.
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