03/06/2024 – 15:16
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Julia Zanatta: “O Brasil tem muitas outras prioridades”
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou recurso da deputada Julia Zanatta (PL-SC) que busca rediscutir a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 para crianças entre seis meses e cinco anos de idade .
O recurso é contra a decisão do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Ele devolveu a Julia Zanatta projeto que ela apresentou com o objetivo de impedir a inclusão de vacinas contra a Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação Infantil (PDL 486/23). O recurso aprovado pela CCJ ainda precisa ser votado no Plenário da Câmara.
A inclusão da vacina é nota técnica do Ministério da Saúde (118/23) e entrou em vigor em 1º de janeiro de 2024. O projeto de Zanatta pretende suspender a nota técnica.
A decisão de Lira se baseia no entendimento do Conselho de Administração de que o projeto não atende a uma exigência constitucional. A Constituição prevê que é responsabilidade do Congresso “suspender atos normativos do Poder Executivo que excedam o poder regulatório ou os limites da delegação legislativa”.
O recurso foi aprovado por 28 votos a 14. A questão gerou divergências na CCJ. Para o deputado Alencar Santana (PT-SP), o colegiado deu um “exemplo contrário” às políticas de proteção à vida. “A decisão da Diretoria é acertada, não aceitou o PDL porque a recomendação não é uma norma. E o PDL deveria apenas suspender algum tipo de norma regulatória do Poder Executivo, e não uma norma técnica, o que é uma sugestão”, argumentou.
O deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) relatou o recurso. De acordo com ele, a nota é um ato normativo “disfarçado” de nota técnica. “É uma nota técnica que altera o plano nacional de imunização do país, é uma nota técnica em que as fontes não são fontes que trazem clareza à população e à sociedade quanto à segurança desta terapia gênica”, afirmou.
Para o deputado Patrus Ananias (PT-MG), por outro lado, o Poder Executivo estava apenas cumprindo o seu dever. “A medida tomada, no sentido de vacinar crianças, está exatamente alinhada com a responsabilidade democrática do Poder Executivo na implementação de políticas públicas. Temos que preservar a vida dos nossos filhos, e sabemos que as vacinas fazem parte de uma conquista histórica, científica”, defendeu.
Julia Zanatta destacou o aspecto político do debate. “É importante sabermos que isso é política. O Brasil tem muitas outras prioridades, e posso citar algumas. Metade das mortes em crianças menores de 1 ano ocorre por questões relacionadas à gravidez, ao parto e ao período neonatal. Muitos destes problemas podem ser evitados com melhorias nos cuidados primários e nos programas pré-natais. Então, temos que investir tempo e dinheiro nisso, ao invés de obrigar os pais a vacinarem seus bebês dos seis meses aos cinco anos”, disse o parlamentar.
Reportagem – Paula Moraes
Edição – Wilson Silveira
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