Outro homem-bomba: Supremo detectou ameaça grave contra o ministro Alexandre de Moraes

Outro homem-bomba: Supremo detectou ameaça grave contra o ministro Alexandre de Moraes


Desde 8 de janeiro, o tribunal recebe, em média, três mensagens de intimidação por dia. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

Desde a invasão de Brasília, em 8 de janeiro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) registra, em média, três ameaças por dia contra seus juízes. No mais alto tribunal do país, nenhum ministro se sente confortável em falar abertamente sobre o avanço da intimidação que recebe e nenhum é tão alvo de pretensos extremistas como Alexandre de Moraes.

Assim como o episódio que chocou Brasília na última quarta-feira, 13, quando o serralheiro Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, detonou bombas em seu carro, estacionado próximo ao STF e depois se explodiu, no final do ano passado o Supremo já havia recebido graves ameaças que outro homem-bomba estava disposto a ir para a guerra. Na época, o plano do homem que se identificou como cabo temporário na Vila Militar do Rio era assassinar Alexandre de Moraes caso Jair Bolsonaro, à época envolvido no escândalo das joias sauditas, fosse preso por ordem do magistrado.

“Estou aqui fazendo um pacto: se prenderem Jair Messias Bolsonaro, vou me oferecer como bomba humana. Eu explodo, morro com aqueles desgraçados. Se quiserem me prender, não me importo”, disse o autor das ameaças em vídeo divulgado nas redes sociais. “Você pode me envolver com granadas, minas terrestres, o que quiser. Abraço aquele Alexandre de Moraes e levo ele para o inferno comigo”, completou.

A intimidação foi considerada uma das mais graves arrecadadas pelo STF até então e passou a ser investigada pela Polícia Federal. Com a identificação precoce da advertência, porém, não houve consequências concretas contra o ministro.

homem-bomba

Na última quarta-feira, o avanço de Francisco Wanderley contra o Supremo deixou claro à PF que, se antes era bravata ou apenas grupos isolados de malucos, a ameaça contra o STF agora é mais que real. Os investigadores trabalham com as hipóteses de ação terrorista e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por parte do homem-bomba que se matou em frente ao tribunal.

Seus familiares já foram ouvidos e informaram que ele também esteve em Brasília no início do ano passado, quando apoiadores de Bolsonaro tentaram dar um golpe de Estado, e que pretendia assassinar Alexandre de Moraes.

A PF ouve testemunhas que tiveram contato com Francisco na véspera do ataque. O dono da loja que vendia os fogos de artifício prestou depoimento aos agentes. Ele disse que o homem-bomba gastou R$ 1,5 mil com os artefatos, adquiridos uma semana antes.

Seguranças do STF que tiveram contato com Francisco antes de ele morrer, após explodir uma bomba em sua própria cabeça, também prestaram depoimento.