Com a experiência do Secretário de Segurança e do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes sempre defendeu a abertura de sucessivas investigações que, desde 2019, têm como alvo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e, segundo ele, poderiam ter amenizado a avalanche de ameaças e notícias falsas a que os magistrados estavam submetidos desde a chegada do capitão ao poder.
Moraes, porém, nunca escondeu que, apesar do avanço das investigações, o risco da existência de lobos permaneceu sozinhoque poderiam agir diretamente contra os juízes do Tribunal do país. O atentado da última quarta-feira, 13, em Brasília, quando o serralheiro Francisco Wanderley Luiz tentou avançar no Supremo Tribunal Federal (STF) e depois explodiu, reforçando a avaliação do ministro e os desafios de segurança para os magistrados.
Aos interlocutores, Moraes pondera há anos que os setores de inteligência policial normalmente conseguem detectar grandes planos contra autoridades ou instituições, mas em raras ocasiões prevêem quando um único extremista decide burlar os sistemas de segurança. As considerações do juiz tiveram no retrovisor o assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, que em julho de 2022 foi abatido por um atirador com arma caseira no meio de um comício.
O governo do Distrito Federal considera que Francisco Wanderley pode ser um lobo solitário. A Polícia Federal, porém, investiga possíveis falas de incentivo ou coparticipantes que possam ter influenciado o homem-bomba a agir.
“Foguetes para comemorar o dia 13”
Por volta das 19h30 de quarta-feira, o serralheiro aproximou-se da entrada principal do Supremo com explosivos amarrados ao corpo. Candidato derrotado nas eleições de 2020. Ele havia detonado o próprio carro, cheio de bombas caseiras, segundos antes no estacionamento da Câmara dos Deputados. Interceptado por um segurança do tribunal, ele jogou outras duas bombas caseiras contra o prédio do STF e depois se explodiu.
Horas antes de morrer, ele havia publicado uma série de mensagens sobre o ataque em uma rede social, misturando declarações políticas e discursos messiânicos. Em uma delas, ele simula uma conversa em que diz não ser “terrorista” e informa que lançaria “alguns foguetes para comemorar o dia 13”, episódio que seria o estopim do que chamou de “revolução”. no país, uma verdadeira “proclamação da República”. A PF trabalha com as hipóteses de ação terrorista e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito de Francisco Wanderley.
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