Chanceler recomenda manutenção das relações diplomáticas entre o Brasil e a Venezuela – Notícias

Chanceler recomenda manutenção das relações diplomáticas entre o Brasil e a Venezuela – Notícias


13/11/2024 – 15h47

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Mauro Vieira: “Não podemos repetir os erros que cometemos na altura da autoproclamação de Guaidó como presidente”

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira (13) aos deputados da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que as últimas divergências entre Brasil e Venezuela não são motivo para rompimento de relações entre os dois países.

Ele lembra que a Venezuela tem uma enorme fronteira com o Brasil em uma região estratégica, na Amazônia, além de possuir as maiores reservas de petróleo do mundo. Além disso, ele menciona que muitos brasileiros vivem naquele país.

O Brasil questiona os resultados das eleições presidenciais deste ano, que mantiveram Nicolás Maduro no poder, e se opôs à entrada da Venezuela nos Brics, bloco económico formado principalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que está em expansão.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da comissão, quis saber do ministro quais seriam os próximos passos do Brasil após a saída do embaixador venezuelano de Brasília, solicitada pelo presidente Maduro, e postagens ofensivas ao presidente Lula feitas por membros das forças de segurança públicas daquele país.

“Quais os próximos passos do governo brasileiro em relação às ameaças que Nicolás Maduro faz ao Estado brasileiro? Na minha opinião, quando você ameaça o presidente da República, você está automaticamente ameaçando o representante do Estado brasileiro”, afirmou.

Mauro Vieira disse acreditar que a saída do embaixador venezuelano não será permanente e repetiu o que disse o assessor do presidente Lula, Celso Amorim, de que o Brasil não reconhece governos, mas afirma.

“A solução, porém, precisa ser construída pelos próprios venezuelanos e não imposta de fora, com mais sanções e isolamento. Já vimos que não funciona. Não podemos repetir os erros que cometemos quando Guaidó foi declarado presidente”, respondeu.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Lucas Redecker criticou postagens ofensivas de Maduro contra o Brasil

O ministro disse que o governo brasileiro reconheceu o líder da oposição venezuelana em 2019, Juan Guaidó, como presidente do país no lugar de Maduro e depois fechou a embaixada e os consulados. O resultado, segundo ele, é que o comércio entre os países caiu mais de 90% e o Brasil ficou sem acesso à informação.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a resposta do governo brasileiro ao que chamou de “eleições roubadas” na Venezuela e disse que o Brasil precisa ter cuidado para não interagir com países como o Irã após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Estados.

“Temo pelo futuro econômico do Brasil ou pelas relações diplomáticas brasileiras se Lula continuar recebendo navios de guerra iranianos sancionados pelos Estados Unidos. Não espere que uma administração Trump tenha este mesmo tipo de comportamento fraco. Espero que o Brasil tenha consciência de que, se ajudar estados terroristas nestes tempos, enfrentará retaliações”, afirmou.

O deputado se referia a dois navios que chegaram ao Brasil em fevereiro de 2023. Mauro Vieira informou que a autorização para os navios foi dada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas ele disse que as relações do Irã com o Brasil remontam a mais de 100 anos.

Israel x Palestina
Mauro Vieira também se posicionou sobre o conflito entre Israel e Palestina. A chanceler considerou desproporcional a reação de Israel aos ataques terroristas. “Todo país tem o direito de se defender, desde que dentro das normas do direito internacional. Não é isso que Israel está fazendo. O que começou como uma acção de terroristas contra civis israelitas inocentes tornou-se uma punição colectiva de todo o povo palestiniano com provas plausíveis de constituir a prática de genocídio, de acordo com uma decisão preliminar do Tribunal Internacional de Justiça, seguida por muitos países.”

Ele afirmou que 42 mil pessoas já foram mortas em Gaza e quase 3,2 mil no Líbano, incluindo três brasileiros: dois adolescentes e um bebê de 14 meses. Até o momento, aviões da Força Aérea procuraram 2,1 mil brasileiros que vivem no Líbano.

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Georgia Moraes



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