SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Policiais civis e militares envolvidos na investigação do assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, afirmam que, em quatro dias, as suspeitas contra os policiais que o escoltavam só aumentaram.
Segundo investigadores ouvidos pela reportagem, também cresce a expectativa de um pedido da Polícia Civil para prisão (preventiva ou temporária) dos integrantes da escolta, algo considerado praticamente certo por pessoas ligadas aos PMs.
Gritzbach foi morto no aeroporto de Guarulhos na última sexta-feira (11/08). Ele foi ameaçado pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e chegou a um acordo judicial.
Para colegas da Polícia Militar, sua prisão seria a forma mais fácil de satisfazer a opinião pública sobre o crime. Serviria também para tentar reduzir a pressão sobre o governo do estado diante de uma crise de segurança. Dizem acreditar na inocência dos agentes.
Procurados, os advogados que representam os quatro PMs que acompanhavam o empresário não responderam à reportagem.
Todos os cinco policiais entrevistados pela polícia negaram qualquer envolvimento no crime e disseram não saber quem havia agredido o empresário.
Na cúpula da Polícia Militar, porém, a opinião dos coronéis ouvidos pela reportagem (com base em informações de inteligência e de equipes da Corregedoria) é de que os policiais que faziam a segurança de Gritzbach estão muito envolvidos com o crime. Mas eles dizem que ainda são necessárias evidências concretas para ligá-los definitivamente aos assassinos. Detalhes das suspeitas não foram revelados.
Na manhã desta terça-feira (12/11), o governo Tarcísio de Freitas (Republicano) anunciou a demissão de oito policiais militares envolvidos no caso, todos investigados pela Corregedoria da instituição. Os nomes ou patentes não foram divulgados.
Na Polícia Civil, que conduz a investigação do homicídio de Gritzbach, delegados e investigadores afirmam que os PMs são considerados suspeitos oficiosamente, por falhas no trabalho de segurança, o que facilitou o ataque ao empresário.
No total, cinco policiais militares participaram dos trabalhos de escolta de Gritzbach. Eles foram contratados de forma particular pelo empresário, que não tinha direito à segurança oficial.
Quatro dos PMs estavam em veículos blindados que deveriam escoltar o denunciante do aeroporto até sua casa. Um quinto agente viajou com o empresário para Alagoas, onde permaneceram sete dias.
Este PM estaria à frente de Gritzbach e sua namorada quando ocorreu o ataque no aeroporto. Não há evidências de que ele tenha tentado reagir à emboscada, embora estivesse armado. Em depoimento à Polícia Civil, segundo informações do colunista Josmar Jozino, do UOL, o policial admitiu que fugiu quando o tiroteio começou.
Segundo documentos obtidos pela reportagem, a equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção Individual, que cuida do caso) perguntou ao PM por que ele não foi baleado na emboscada. O agente disse acreditar que, talvez, os assassinos não teriam tido tempo de atacá-lo.
Para a Polícia Civil, um dos pontos cruciais da investigação é esclarecer se um dos veículos utilizados pela equipe de escolta realmente apresentou problemas mecânicos. Segundo relato da PM, a Amarok utilizada por eles apresentou falha de ignição e, com isso, três dos quatro agentes não conseguiram ir para o desembarque. Eles ficaram em um posto de gasolina.
Apenas um PM da escolta seguia em um segundo veículo, mas não chegou a tempo de evitar o crime.
Conforme apurou a reportagem, o veículo com a suposta avaria deverá ser encaminhado a uma concessionária Volkswagen para avaliação técnica.
A participação de policiais na morte do empresário é uma das linhas de investigação do crime, já que Gritzbach teria denunciado um grupo de policiais civis em um suposto esquema de corrupção.
Pelo menos um delegado e dois investigadores tiveram seus nomes citados pelo denunciante durante a negociação do acordo de delação premiada (com possibilidade de redução da pena).
O empresário teria gravações de áudio que comprovariam “ilegalidades e arbitrariedades” do delegado Fábio Baena e “toda a sua equipe”, como “Rogerinho, Eduardo Monteiro e outros”. A informação consta em item descrito pelos advogados do denunciante como “Corrupção Policial”.
Documentos aos quais a reportagem teve acesso indicam que foram denunciados policiais de três unidades policiais diferentes. O documento cita policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção Individual), Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e 24ª DP (Ponte Rasa), na Zona Leste.
Em tese, teriam cometido crimes como corrupção passiva e associação criminosa, “entre outros”, diz trecho de documento do Ministério Público.
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A outra teoria para a morte do denunciante seria uma ação de criminosos ligados ao PCC. Gritzbach teria acabado com uma grande fortuna dos membros da facção, dinheiro transformado em criptomoedas, cuja chave criptografada só ele conhecia. O denunciante negou ter ficado com o dinheiro.
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