Salário mínimo deve ficar maior e pode superar R$ 1.520 em 2025, aponta estudo

Salário mínimo deve ficar maior e pode superar R$ 1.520 em 2025, aponta estudo


Para o trabalhador, isso representa R$ 15 a mais que o valor previsto no Orçamento, de R$ 1.509.

Foto: Agência Brasil

O orçamento de 2025 prevê um salário mínimo de R$ 1.509. (Foto: Agência Brasil)

Antes mesmo de fechar um pacote para conter o crescimento dos gastos obrigatórios, o governo já sofre nova pressão para acomodar o já apertado Orçamento do próximo ano: o impacto do aumento da inflação no reajuste do salário mínimo e na previdência e benefícios sociais. Cálculos da XP Investimentos indicam que o salário mínimo deve chegar a R$ 1.524 em 2025.

Para o trabalhador, isso representa R$ 15 a mais que o valor previsto no Orçamento, de R$ 1.509. O impacto nas contas públicas, porém, é muito maior: esse ajuste representará uma despesa extra de R$ 13,3 bilhões, além do previsto no Orçamento proposto pelo governo, o que deverá dificultar ainda mais o cumprimento da meta fiscal . zero.

A diferença está na variação considerada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice que calcula a inflação das famílias de menor renda e serve de referência para reajuste do mínimo e benefícios que ultrapassam o valor do piso nacional.

Ao apresentar o Orçamento, em agosto, o governo considerou que o INPC nos 12 meses até novembro (data considerada para atualização do mínimo) seria de 3,82%. Mas a XP estima agora que deve chegar a 4,9%, segundo relatório assinado pelos economistas Alexandre Maluf e Tiago Sbardelotto. O valor fechado do salário mínimo só é confirmado, portanto, em dezembro, quando saem os dados oficiais do IBGE e o presidente da República assina decreto com o valor.

Para o ano, a previsão do INPC era de 3,65% no orçamento e a projeção mais recente da instituição financeira é de 5,0%. Desde agosto, há pressão nos custos de energia e alimentação, principalmente. A expectativa é que o governo atualize os parâmetros orçamentários na próxima semana.

Hoje, o salário mínimo é de R$ 1.412. No ano passado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva retomou a política de reajustes acima da inflação para o piso nacional, que havia sido encerrada na gestão de Jair Bolsonaro. Prevê, anualmente, além da recuperação do poder de compra, um ganho real referente à variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Em 2023, houve crescimento de 2,9%.

Portanto, antes mesmo do impacto da inflação mais alta, o valor mínimo já gerava preocupação em relação às contas públicas. Como o piso nacional é referência para o reajuste de diversos benefícios sociais e previdenciários, como aposentadoria, seguro-desemprego, abono salarial e Benefício de Prestação Continuada (BPC), seu reajuste gera um efeito cascata nos gastos obrigatórios do governo — que têm sido crescendo a uma taxa superior ao limite de gastos do quadro fiscal (2,5% acima da inflação).

A desindexação da seguridade social e dos benefícios sociais ao mínimo foi uma das opções do cardápio da equipe econômica para conter o crescimento das despesas e dar sustentabilidade ao quadro fiscal, mas é uma proposta com pouca viabilidade de avançar diante da A resistência de Lula. Outra opção apresentada ao presidente foi limitar o crescimento real do salário mínimo a 2,5% acima da inflação.

A projeção do Orçamento de 2025 é de superávit de R$ 3,7 bilhões em relação à meta zero (com intervalo de tolerância de 0,25% do PIB). Mas há muita desconfiança quanto à capacidade do governo de obter as receitas extraordinárias previstas na peça e conseguir cortar despesas. Considerando o impacto do salário mínimo e do INPC, o economista prevê um déficit primário de R$ 73,3 bilhões, descontada a parcela dos precatórios que ficam fora da meta fiscal. As informações são do portal de notícias O Globo.