O momento mais esperado por muitos moradores de Brasília. Nos últimos meses do ano, o Distrito Federal (DF) vira pomar a céu aberto na época das frutas. São mais de 5,5 milhões de árvores plantadas. Destas, 950 mil são árvores frutíferas, de 35 espécies, em todas as regiões administrativas, segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
Entre as espécies, existem abacateiros, mangueirasjaqueiras, goiabeiras e amoreiras. Espalhados pela capital, eles decoram ruas e praças, oferecendo diversas opções à população que se aventura na colheita urbana.
Para os moradores, é motivo de alegria. O entregador Antônio Carlos, de 58 anos, foi de Ceilândia até a Avenida das Jaqueiras, em Cruzeiro, para aproveitar o período de maturação. Ele os coleta e os apresenta a amigos e familiares. “Essa jaca é uma das melhores. Temos que aproveitar. Um dia fui comprar e estava R$ 20 o quilo. Se eu conseguir aqui posso pegar bastante e dividir com todo mundo”, ele diz.
O supervisor Elias Farias, 63 anos, também não deixa a temporada passar. Todos os anos, ele faz questão de aproveitar uma folga do trabalho, próximo ao Eixo Monumental, para colher mangas. “Venho aqui há muito tempo e gosto muito. Uma vez choveu muito. Me abriguei no carro e, quando passou, desci e tinha um monte no chão. cinco sacos de frutas nunca vou esquecer disso”, lembra.
Aproveitando o retorno para casa depois de um curso, a aposentada Ilma Sardinha, 73 anos, não perdeu a oportunidade de colher frutas diversas, como manga, amoras e abacate. Para ela, conseguir comida direto da árvore é mais saudável para o corpo e para o bolso. “Quando você compra no mercado, eles vêm com agrotóxicos e todo tipo de coisa. É mais confiável. E também economizo muito”, diz.
Ricardo Carmona, professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), alerta, porém, que é importante respeitar o ciclo de cada árvore. “A coleta de frutos de forma racional, em que se coleta apenas parte dos frutos produzidos, não traz problemas ao meio ambiente. Porém, quando a coleta é muito intensa, como acontece em algumas reservas extrativistas com pequizeiros nos Cerrados região, a natureza da capacidade regenerativa da espécie acaba sendo prejudicada”, explica.
Saúde
O nutricionista Gabriel Moliterne destaca que a presença de frutas frescas nas ruas representa uma oportunidade única para os moradores. Ele destaca o consumo de frutas da estação colhidas diretamente das árvores como fonte de benefícios adicionais à saúde, pois são consumidas no ponto máximo de maturação, preservando os nutrientes.
“Eles tendem a ter menos resíduos de agrotóxicos, pois crescem naturalmente em condições climáticas ideais. Além disso, preservam melhor seu perfil nutricional, pois não passam por processos prolongados de armazenamento e transporte, que podem comprometer nutrientes importantes”, afirma.
A nutricionista Rita de Kassia acrescenta que colher diretamente da árvore também contribui para uma alimentação sustentável. “São ricas fontes de vitaminas, minerais e antioxidantes essenciais para manter o bom funcionamento do nosso organismo. Além disso, ao consumir frutas frescas e da época, estamos incorporando na nossa alimentação uma variedade de sabores e nutrientes, essenciais para uma alimentação equilibrada e saudável”, ele enfatiza.
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Para a bióloga Melina Guimarães, professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB), a presença de árvores frutíferas nas ruas tem um papel importante, porque essas espécies também alimentam os animais. “O plantio de árvores frutíferas chama a atenção das pessoas, podendo até servir de alimento. O mais importante, porém, é o fornecimento de alimento para os animais, seja na fase de polinização das flores ou na dispersão dos frutos”, explica.
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