Problemas de Lula ganharam evidência quando fantasma do golpe perdeu força

Ao assumir seu terceiro mandato no Palácio do Planalto, Lula recebeu um presente dos apoiadores mais radicais do JairBolsonaro. A invasão e depredação das sedes dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, deu ao Presidente da República a oportunidade de desgastar o seu antecessor, mobilizar o país em defesa da democracia e até construir pontes com líderes da oposição, dada a necessidade para proteger as instituições. O espectro do golpe dominou grande parte da agenda nacional no passado, mas perdeu força e apelo popular ao longo do tempo.

Hoje, as atenções estão voltadas principalmente para as ações do governo Lula. O petista até usa o contraponto com Bolsonaro para tentar se defender ou se gabar, mas essa muleta já não é suficiente no diálogo com os eleitores. E os eleitores, segundo as sondagens, estão cada vez mais insatisfeitos. Em comparação com meados do ano passado, a desaprovação à gestão petista aumentou. Pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira, 29, mostrou que 47% dos entrevistados desaprovam o governo e 45% aprovam. Em junho do ano passado, a aprovação era de 51% e a reprovação, de 43%. Em outras duas pesquisas, há mais pessoas dizendo que o país caminha na direção errada.

Problema de foco

Questionado recentemente sobre a pesquisa, Lula declarou que o governo já fez muito na economia, semeou medidas importantes em diversas áreas e começará a colher os frutos em breve. O petista é conhecido pelo otimismo. Outra característica típica dele é culpar seus antecessores pelos problemas que enfrenta. Fernando Henrique Cardoso teria deixado um “legado maldito” na economia, repetiu Lula em sua primeira visita ao Planalto. Bolsonaro, além de supostamente liderar uma trama golpista, teria destruído o país.

Independentemente de ser relevante ou não, esse tipo de argumento só tende a sensibilizar torcedores simpáticos. A maior parte do eleitorado quer saber quais medidas serão adotadas nas áreas de segurança pública, educação e saúde. Quer saber como Lula agirá para resolver os problemas do país. Afinal, a caneta presidencial está com ele, e não mais com Bolsonaro. O fantasma do golpe também já não assusta tanto como antes. No centro das atenções, o petista sofre com as evidentes falhas de sua própria gestão.