PF investiga homicídio em Guarulhos sem federalizar o caso

PF investiga homicídio em Guarulhos sem federalizar o caso



FOLHAPRESS – Um abertura de inquérito da Polícia Federal para apurar o homicídio do empresário Antônio Gritzbach em Aeroporto de Guarulhosem São Paulo, foi um compromisso encontrado pela corporação para não federalizar o caso.

A decisão foi tomada no sábado (9). Houve defensores no governo Lula (PT) para que a PF assumisse a investigação do caso, em substituição à Polícia Civil de São Paulo.

Segundo quatro delegados ouvidos pela reportagem, a avaliação vencedora foi que a federalização colocaria o ônus do caso sobre a PF, com o Ministério Público de São Paulo já monitorando a situação de Gritzbach.

A solução de abrir de ofício um inquérito paralelo ao da Polícia Civil ?com o argumento de que o homicídio ocorreu em área aeroportuária, cuja jurisdição é da PF? permite que delegados federais entrem no caso sem grandes interferências na polícia paulista.

“A Polícia Federal abriu inquérito policial para apurar o homicídio ocorrido nesta sexta-feira (11/08) na chegada ao Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos”, diz a PF em nota.

O comunicado afirma que a “investigação será realizada de forma integrada com a Polícia Civil de São Paulo e decorre da função de polícia aeroportuária da instituição”.

Antes de anunciar a abertura da investigação, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, conversou com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. Por telefone, o chefe da Polícia Federal disse que a ideia é compartilhar informações e atuar em cooperação.

Com o compromisso, a sugestão de federalizar o caso foi deixada de lado por enquanto. Para enquadrar o caso no âmbito da União, seria necessário cumprir procedimento previsto na legislação.

Federalizar um caso significa enviar a investigação e o julgamento de um crime específico para a esfera federal. A investigação deixa de ser conduzida pela Polícia Estadual e é transferida para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal.

Para que isso aconteça, a PGR (Procuradoria-Geral da República) precisa fazer um pedido ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Quando o governo federal tiver interesse em mudar o rumo das investigações, o Ministério da Justiça pode pedir à PGR a federalização do caso.

O tribunal analisará se o pedido se enquadra em algum dos critérios para alteração do escopo da investigação. São eles: existe uma violação grave dos direitos humanos, incapacidade das autoridades locais ou risco de impunidade.

Em 2020, por exemplo, a PGR pediu a federalização da investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Na época, o STJ negou o pedido por não identificar inércia ou omissão das autoridades estaduais.

A possibilidade de federalizar as investigações foi criada por uma Emenda Constitucional de 2004, conhecida como Reforma do Judiciário.

O primeiro caso de deslocamento de investigação ocorreu em 2010, quando o STJ acatou o pedido para que o assassinato do ex-vereador Manoel Mattos, na Paraíba, fosse levado à Justiça Federal.

Mattos denunciou grupos de extermínio que atuavam em Pernambuco e na Paraíba. Ele morreu em janeiro de 2009, vítima de tiros de pistola e espingarda, enquanto conversava com amigos no terraço de sua casa de verão.

A morte de Gritzbach no aeroporto de Guarulhos está sendo investigada como possível vingança da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O empresário era suspeito de ter ordenado o assassinato de dois integrantes da facção após o desaparecimento de US$ 100 milhões (cerca de R$ 574 milhões), e chegou a um acordo de confissão de culpa com a Justiça.

Ele voltava de uma viagem ao Nordeste com a namorada. O empresário voltou com uma bagagem contendo joias avaliadas em R$ 1 milhão. O valor, segundo a Polícia Civil, fazia parte do pagamento de uma dívida.

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Agentes do DHPP (Divisão de Homicídios da Polícia Civil) acreditam que o grupo criminoso tinha treinamento especial e informações privilegiadas.

Além do empresário, alvo dos atiradores, o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, também foi baleado e levado à UTI do Hospital Geral de Guarulhos. Ele não resistiu e morreu na noite deste sábado (9). Outras duas pessoas ficaram feridas.



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