11/06/2024 – 20:57
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Christel Schaldemose: “Metade das mulheres do mundo ficam de fora do mercado de trabalho”
O acesso a melhores salários no mercado de trabalho e o apoio a políticas públicas para superar as diferenças entre homens e mulheres foram temas que dominaram a 3ª sessão de trabalho do P20 desta quarta-feira (5), sob o título “Combate às desigualdades de género e raça e promoção da mulher”. autonomia econômica”.
Para Christel Schaldemose, vice-presidente do Parlamento da União Europeia, a autonomia económica é o direito de cada mulher decidir sobre o seu futuro financeiro sem barreiras. “Metade das mulheres no mundo está fora do mercado de trabalho, para elas a autonomia é um objetivo distante. Eles precisam de acesso a capital, emprego e infraestrutura de apoio”, disse ele.
Ela defendeu um maior acesso a contas bancárias, investimentos e finanças digitais, especialmente em comunidades remotas através de políticas que quebrem este isolamento.
A sessão foi presidida pela senadora Teresa Leitão (PT-PE), que destacou a aprovação do Lei 14.611/23 sobre a igualdade de remuneração e critérios de igualdade de remuneração entre homens e mulheres. “Este foi um avanço importante em linha com a recomendação de desenvolver legislação para valorizar as mulheres. A luta deve ser coletiva e global, pois esta é uma questão estratégica para a democracia e a justiça social”, disse.
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Yandra Moura: “As mulheres estão sobrecarregadas de responsabilidades em casa e no trabalho”
Tarefas domésticas
Segundo a deputada Yandra Moura (União-SE), a desigualdade econômica também decorre da divisão desigual das tarefas domésticas, por isso é importante desenvolver políticas públicas que abordem a divisão da carga de trabalho entre homens e mulheres. “Combater a fome e a pobreza significa também reconhecer que as mulheres estão sobrecarregadas de responsabilidades, seja em casa, no trabalho ou em ambos os ambientes”, considerou.
Ela lembrou que a Câmara está debatendo uma política assistencial, com regulamentação de licenças mais equitativas e ampliação de serviços públicos e gratuitos e outras ações para combater a desigualdade de gênero, além da inclusão no sistema PIB o valor do trabalho não remunerado em casa.
Para a senadora Jussara Lima (PSD-PI), a participação das mulheres no mercado de trabalho enfrenta diversos problemas e “é preciso trilhar um caminho difícil na batalha pela igualdade”.
Embora reconheça que se abrem mais espaços na sociedade para as mulheres, a senadora lembrou que “ainda estamos longe da paridade de género e estamos sub-representados”.
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Maria Emília Cerqueira: “Na Europa todos os anos há uma data não fixa para debater a igualdade salarial”
Sub-representação
A coordenadora residente da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, Silvia Rucks del Bo, destacou que ter mais mulheres em um espaço de poder com seu conhecimento e experiência contribui para menos conflitos. “O empoderamento económico garante mais estabilidade às famílias e tradicionalmente a sua participação torna o processo mais abrangente”, disse, lembrando que apenas 27% dos parlamentares no mundo são mulheres.
Na área econômica, ela citou a dificuldade de alcançar cargos mais elevados. “Apenas 28% dos cargos de gestão no mercado de trabalho são ocupados por mulheres, o que dificulta a sua participação nas decisões tomadas nas empresas”, alertou.
Na mesma linha, a deputada da Assembleia da República de Portugal Maria Emília Cerqueira informou que, embora a diferença salarial seja, em média, de 8% no início da carreira, aumenta para 25% no topo.
“Na Europa, todos os anos há uma data não fixa para debater a igualdade salarial, e esta foi pensada justamente para lembrar que não há um dia em que não haja diferença salarial entre homens e mulheres”, exemplificou.
PIB mundial
O vice-presidente do Parlamento dos EAU, Tariq Altayer, destacou que comunidades inteiras beneficiariam de uma maior inclusão económica das mulheres, uma vez que 90% do seu rendimento vai para a sua família.
Segundo ele, cerca de R$ 26 trilhões seriam incluídos no Produto Interno Bruto (PIB) mundial com a inclusão das mulheres na economia.
“A desigualdade de género afecta todas as áreas da sociedade, com profundas implicações económicas”, disse ele.
Para a África do Sul, a representante da Câmara Baixa, Liezl Linda van de Merwe, disse que apesar das mulheres terem 45% de representação feminina, seriam necessários mais de 130 anos para alcançar efectivamente a paridade de género.
“Apesar dos avanços no empoderamento das mulheres na África do Sul, ainda temos salários mais baixos, em média, e 40% dos agregados familiares sul-africanos são chefiados por mulheres”, disse ele, destacando as iniciativas governamentais para melhorar o acesso das mulheres ao sistema financeiro. .
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Tatiana Sakharova: “A Rússia deu muita ênfase ao empreendedorismo feminino”
Inserção feminina e proteção
Representantes da Índia, Rússia e México destacaram as iniciativas dos seus governos na tentativa de mudar a situação da desigualdade de género em vários sectores.
Para a Câmara Alta do Parlamento da Índia, Manoj Kumar Jha, citou programas de desenvolvimento de competências que levaram a uma maior participação no mercado de trabalho. Segundo ele, 56% das contas são de mulheres e 84% dos empréstimos são feitos em nome delas.
Além disso, foi aprovada legislação contra o assédio sexual e o subsídio de maternidade foi revisto de 22 para 26 semanas.
Tatiana Sakharova, da Câmara Alta do Parlamento Russo, lembrou que o seu país tem legislação para aumentar a inclusão das mulheres em empregos de alta complexidade e também nos serviços sociais.
“A Rússia deu muita ênfase ao empreendedorismo feminino, com um aumento no número de mulheres em cargos de liderança e em médias e pequenas empresas”, disse ele.
Da Câmara Alta do Parlamento mexicano, Alejandro Ismael Murat Hinojosa, comemorou a eleição da primeira mulher como presidente do seu país, reforçando a diferenciação da denominação em termos de mulheres neste e noutros cargos.
“Depois de 200 anos, o México tem a sua primeira mulher presidente. Uma das grandes reformas que estão por vir é a adoção do princípio do acesso a uma vida livre de violência, que o Estado tem a obrigação de garantir a todas as mulheres, crianças e adolescentes, prevenindo a violência de gênero e adotando protocolos assistenciais”, explicou .
Disse ainda que o Parlamento deveria votar a classificação do feminicídio na esfera federal para garantir que não haja impunidade.
Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Georgia Moraes
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