Supremo homologa acordo de reparação pela tragédia de Mariana

Supremo homologa acordo de reparação pela tragédia de Mariana


A partir de agora, haverá um prazo de até 150 dias para o pagamento da indenização.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A partir de agora, haverá um prazo de até 150 dias para o pagamento da indenização. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

O Supremo Tribunal Federal (STF) validou por unanimidade, nesta quarta-feira (6), o acordo alcançado entre o governo federal, os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e mineradoras para reparar os danos causados ​​pela tragédia de Mariana, em Minas Gerais. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, aprovou o acordo. Em seguida, levou sua decisão ao plenário da Corte, onde o acordo foi validado pelos demais ministros.

A partir de agora, haverá um prazo de até 150 dias para o pagamento da indenização. O Tribunal Regional Federal da 6ª Região acompanhará a implementação do acordo. Na sua decisão, Barroso menciona que o valor acordado é significativo e faz deste um dos maiores acordos ambientais da história, possivelmente o maior.

“Houve ampla participação do Ministério Público e da Defensoria Pública, e a atuação dessas instituições, bem como a realização de audiências públicas nas localidades atingidas para ouvir ativamente a população, demonstram os esforços para proteger os interesses da população. vítimas e comunidades afetadas”, escreveu ele. .

Em sessão no STF, Barroso explicou aos demais ministros os detalhes de seu entendimento e disse que estima-se que milhares de ações judiciais sobre o mesmo tema serão extintas, caso os participantes dos processos passem a aderir à solução consensual .

“Com este acordo, espera-se que grande parte das demandas legais propostas em decorrência do desastre sejam imediata ou progressivamente extintas”, afirmou.

O acordo, assinado nove anos após um dos maiores desastres ambientais do Brasil, prevê medidas estimadas em R$ 170 bilhões divididas em três frentes:

– R$ 38 bilhões, que segundo o governo já foram pagos pelas mineradoras;
– R$ 100 bilhões, que serão repassados ​​aos governos de Minas Gerais, do Espírito Santo e da União;
– R$ 32 bilhões para ações de compensação e reembolso.

Segundo dados do governo, 300 mil pessoas podem solicitar indenização. Pelo acordo, serão pagos:

– R$ 35 mil para quem não foi contemplado na remuneração anterior;
– R$ 95 mil no caso de pescadores e agricultores afetados.

O novo acordo deverá garantir também a recuperação ambiental das áreas atingidas pelo desastre.

Entender

A tragédia ocorreu em 2015. A barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP, rompeu, liberando mais de 44 milhões de m³ de rejeitos de minério de ferro. O desastre matou 19 pessoas e espalhou a destruição na bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, com danos até a foz do rio, no Espírito Santo, e o Oceano Atlântico. Quarenta e nove municípios foram afetados.

Um ano depois, foi feito o primeiro acordo para indenizar as vítimas e foi criada a Fundação Renova para cuidar das ações de reparação dos danos. Nove anos depois, segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), a Fundação Renova só conseguiu indenizar 112 mil pessoas.

Este acordo foi considerado insuficiente para garantir os direitos das pessoas afectadas a uma compensação justa e satisfatória. O número de 112 mil pessoas, porém, está, segundo os assessores da BHP, incluído apenas em uma modalidade de remuneração.

Segundo a empresa, o total de pessoas atendidas por todas as modalidades de remuneração e auxílio financeiro é de aproximadamente 432 mil.