11/04/2024 – 22h05
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Silvye Alves, relatora da proposta
A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que determina o uso de tecnologia nos celulares para ligar para um número de emergência para denunciar violência contra a mulher. O projeto também prevê penalidade específica para quem tirar fotografia ou gravar vídeo das partes íntimas de outra pessoa sem o seu consentimento prévio. É o caso, por exemplo, de homens que fotografam discretamente mulheres por baixo das saias em veículos públicos.
A pena atribuída para este ato será a mesma de quem produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de natureza íntima e privada sem autorização dos participantes: detenção de 6 meses a 1 ano e multa.
De autoria do deputado José Guimarães (PT-CE), o Projeto de Lei 583/20 foi reportado pela deputada Silvye Alves (União-GO). A proposta foi aprovada nesta segunda-feira (4) no Plenário da Câmara e será enviada ao Senado.
Silvye Alves afirmou que a legislação deve abordar novas realidades, como a captura e divulgação de imagens não autorizadas de partes íntimas de uma pessoa, prática conhecida como levantando a saia. “Temos que dar a resposta necessária às novas dinâmicas sociais e tecnológicas e reforçar a importância do consentimento em todas as interações, especialmente aquelas que envolvem a captação de imagens”, afirmou.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
José Guimarães, autor do projeto de lei
Contudo, o texto aprovado faz referência à captação de “cena sensual ou libidinosa” em locais públicos ou privados, ainda que as vítimas usem roupas que não permitam a exposição explícita de partes íntimas do seu corpo, permitindo lacunas na interpretação sobre o que seria sensual ou libidinoso.
O deputado Delegado da Cunha (PP-SP) destacou que, muitas vezes, quando alguém quer agredir uma mulher, o agressor tira fotos escondidas e as manipula. “Não é mais aceitável usar imagens de mulheres para atacar as próprias mulheres”, disse ele.
O autor da proposta, deputado José Guimarães, elogiou as alterações no texto original, como a previsão de punição para a prática no Código Penal. “Estamos votando um projeto importante nesta luta permanente de combate à violência contra as mulheres. Esta é também uma forma de violência, encoberta, que ocorre em diferentes espaços do país”, afirmou.
A defensora da mulher na Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ), afirmou que a proposta melhora a Lei Carolina Dieckman. “As leis precisam ser questionadas quanto à sua eficácia”, declarou.
Mais informações em um momento
Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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