Prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) começou a segunda semana após ter garantido para permanecer na posição encontro com petistas e tucanos. Rivais históricos, PT e PSDB estiveram juntos no segundo turno da campanha do partido, que aos poucos vai movimentando as peças do jogo político para a próxima legislatura. Com a eleição para o próximo presidente da Câmara Municipal e uma reforma administrativa no radar, o chefe do Executivo tem o desafio pós-eleitoral de acomodar o grande número de partidos que construíram o seu sucesso nas urnas.
Na manhã desta segunda-feira (11/04), o prefeito recebeu o vereadores eleitos pelo PT: os veteranos Bruno Pedralva e Pedro Patrus e os estreantes Pedro Rousseff e Luiza Dulci. O vice-prefeito eleito Álvaro Damião (União Brasil) e o presidente do diretório municipal do PT, Guima Jardim, também participaram do encontro.
Na reportagem, o vereador Pedro Patrus afirmou que o encontro teve caráter amistoso e não foram discutidas negociações referentes à presidência da Câmara. O parlamentar reeleito disse que o PT pretende manter o diálogo com Fuad, mas que o partido não integrará uma base submissa ao Executivo.
“Não estivemos com o prefeito depois das eleições. Fomos lá para parabenizá-lo pela eleição. Foi uma conversa muito agradável sobre projetos para a cidade e um encontro muito produtivo para o bem de Belo Horizonte. Nada de concreto foi discutido. As pessoas têm conversado sobre cargos e nomeações, mas esse não foi o tema desta reunião”, afirmou.
Ainda segundo Patrus, a bancada do PT na Câmara considera precipitada a discussão da eleição para a diretoria da Câmara, tarefa que caberá aos vereadores em janeiro. O parlamentar disse que o partido ainda dialoga com outros partidos de centro-esquerda e não descarta lançar um nome próprio para a presidência do Legislativo Municipal.
Um dos partidos citados por Patrus é o PDT, de Bruno Miranda, vereador que lidera o governo Fuad na Câmara e é um dos nomes cogitados para concorrer à presidência como representante da situação. A vida de qualquer candidato à liderança da Câmara já é dificultada pela articulação de nomes em torno da candidatura de Juliano Lopes (Podemos).
Reforma à vista
Fuad entrou na campanha unindo seu PSD ao União Brasil de Álvaro Damião. A chapa também recebeu apoio do Solidariedade, PSD, Agir, Avante e da federação formada por Cidadania e PSDB. No segundo turno, a lista cresceu com a chegada dos partidos de centro-esquerda e esquerda PT, PCdoB, PV, Rede, PSOL e PDT.
Depois da campanha, o prefeito agora tenta acomodar apoio na construção de seu novo mandato. Fuad assumiu BH em 2022, quando Alexandre Kalil deixou o cargo para concorrer ao governo do estado. Desta vez, ele se prepara para dar um toque pessoal à gestão e aposta em uma reforma administrativa para isso.
“Preciso começar o governo com uma cara nova, a cara do Fuad. Agora é o meu governo e estou conversando com os partidos. Tive a alegria e a felicidade de receber aqui nosso deputado Aécio Neves e Paulo Abi Ackel, já conversei com o PT e quero conversar com os demais partidos para entender um pouco sobre a visão deles em relação a Belo Horizonte”, disse Fuad nesta segunda-feira- feira, após reunião com lideranças tucanas.
A “nova cara” que Fuad pretende dar à prefeitura inclui quatro novas secretarias: Segurança Alimentar e Nutricional; Mobilidade Urbana; Logística e Gestão de Ativos; e Secretaria Geral. Entre outras propostas, o texto que o Executivo enviou à Câmara também prevê a criação de uma nova região regional, a do Hipercentro, separando o Centro-Sul. O custo total estimado pela PBH é de R$ 49,9 milhões anuais.
Com a reforma em vista, Fuad trabalha nas negociações com a Câmara para aprovar a nova estrutura de governo sem perder de vista a importância de estar presente na escolha do presidente da Casa. Paralelamente, os partidos que apoiaram sua candidatura ocupam espaço na agenda do prefeito de olho nos cargos disponíveis na próxima legislatura. Nesta quarta-feira (11/6) será a vez de conversar com o deputado estadual Wendel Mesquita, presidente municipal do Solidariedade.
Família Aro na PBH
Horas antes de receber os vereadores petistas, Fuad se reuniu com o senador Castellar Neto (PP-MG). O parlamentar tomou posse em Brasília após licença Carlos Viana (Podemos), afastado do cargo para concorrer à PBHe é um dos integrantes do grupo político influenciado pelo secretário-chefe da Casa Civil de Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP).
Castellar é um dos nomes mais importantes da chamada “Família Aro” e passou a ocupar a Secretaria de Governo Fuad num momento de maior proximidade entre o prefeito e o secretário de Zema. O encontro com o senador acontece em meio aos esforços do grupo para se tornar o próximo presidente da Câmara Municipal.
Na segunda-feira seguinte ao segundo turno, os 23 vereadores eleitos se reuniram na casa de Aro para um jantar que terminou com a manifestação pública de apoio à candidatura de Juliano Lopes ao comando da Câmara. O grupo conta com a bancada plena do PL e do Novo, além de nomes supostamente da centro-esquerda na Câmara como Vagner Ferreira (PV) e Edmar Branco (PCdoB).
Tucanos presentes
O PSDB não elegeu nenhum vereador em Belo Horizonte e não lançou candidato próprio a prefeito pela primeira vez desde 2012. Os tucanos aderiram à chapa de Fuad Noman desde o primeiro turno e manifestaram-se publicamente de forma incisiva em apoio ao prefeito por meio de dois de seus principais figuras mineiras, o presidente estadual do partido, Paulo Abi Ackel e o ex-governador Aécio Neves, ambos deputados federais.
Em entrevista após o encontro, Aécio relembrou a participação de Fuad como secretário de Fazenda e Obras nos governos tucanos em Minas Gerais e comemorou a vitória do aliado em Belo Horizonte como um triunfo do centro democrático contra o extremismo. O prefeito foi reeleito após derrotar Bolsonaro o deputado estadual Bruno Engler (PL).
“Esse radicalismo paralisou o Brasil e vem causando muitos danos ao país. Então, vim parabenizar o Fuad porque ele conseguiu vencer os extremos aqui. Como? Agressivamente? Não. Com serenidade, com seu trabalho, com sua história, mostrando suas contribuições à população de Belo Horizonte. Então chamo a atenção para o prefeito de Belo Horizonte que é, na minha opinião, hoje, uma figura política de grande importância nacional. Fortalecê-lo na sua próxima gestão é fortalecer o projeto de um centro democrático no Brasil”, disse Aécio.
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