11/04/2024 – 13h57
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Jandira Feghali é relatora do projeto de streaming
Relator do projeto em análise na Câmara dos Deputados que regulamenta os serviços de vídeo sob demanda (VoD), o deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defendeu mudanças na proposta (PL 2331/22)em audiência pública do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional nesta segunda-feira (4).
VoD é um termo geral para vários tipos de serviços, como streaming (Netflix, por exemplo) e aluguel ou venda de conteúdo específico (como a loja de filmes do YouTube).
Já aprovado no Senado, o Projeto de Lei 2.331/22 está em análise na Comissão de Cultura da Câmara e obriga as empresas que oferecem serviços de VoD a recolher a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) – imposto destinado à promoção do cinema nacional e audiovisual.
Pelo texto, a Condecine será anual com alíquota progressiva, e as empresas com faturamento acima de R$ 96 milhões pagarão alíquota de 3%.
O relator considera esta taxa baixa e defende um percentual maior. “É um projeto insuficiente para responder às demandas do setor audiovisual brasileiro”, criticou a deputada Jandira Feghali, no debate. “Insuficiente não só em termos de cobrança de percentuais, mas também na falta de valorização da produção independente brasileira .”
Discussão estratégica
Embora considere a agenda urgente, a parlamentar disse que é difícil avançar na regulamentação do tema no Congresso, devido aos diferentes interesses envolvidos. Segundo ela, há muita resistência dar espaço à produção audiovisual independente, que é muito qualificada.
Na visão de Jandira Feghali, este não é um debate técnico, mas uma discussão que pode impulsionar o desenvolvimento econômico e ajudar a promover a cultura brasileira.
“Esta é uma discussão sobre o poder político, o poder estratégico do Brasil, o poder para a discussão democrática, para a soberania brasileira, para o desenvolvimento econômico, para o trabalho, para a renda e para dar espaço e saída para o poder criativo brasileiro. É uma afirmação da brasilidade”, resumiu o deputado.
Dois projetos
Há dois projetos de lei sobre regulamentação do streaming em tramitação no Congresso Nacional: um já aprovado no Senado e em análise na Câmara (PL 2331/22) e outro que está pronto para votação no Plenário da Câmara (PL 8889/17). ).
“Nestes dois projetos ainda há trabalho a fazer”, apontou Jandira Feghali. “Quando discutimos VoD, precisamos discutir o quanto esses grandes tecnologias – que usam conteúdo brasileiro, produção brasileira, produtores brasileiros, artistas brasileiros, autores brasileiros – não pagam o Brasil”, destacou.
Texto mais avançado
Além de propor alterações no PL 2331/22, Jandira Feghali disse que acompanhará o debate do PL 8889/17, que, na sua opinião, tem um texto mais avançado e teve um debate mais amplo não só com o governo, mas com as plataformas, a radiodifusão e o segmento audiovisual brasileiro.
“Ainda não está totalmente alinhado às demandas do setor, mas está muito mais avançado que o texto que veio do Senado”, avaliou.
O PL 8889/17 também determina que as plataformas de vídeo sob demanda contribuam para a Condecine com base em sua receita, com alíquota máxima de 6% sobre a receita bruta, e estabelece percentual mínimo de 10% de conteúdo nacional para os serviços.
O texto está pronto para análise do Plenário da Câmara, mas a votação depende de acordo entre os partidos.
Para o deputado, o projeto está paralisado na Câmara porque está sendo submetido a notícias falsassendo acusado de ser um “projeto da Globo” pela extrema direita.
Visão do governo
A secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, Joelma Gonzaga, concordou com o relator que o PL 2331/22 é insuficiente para cobrir as demandas do setor audiovisual no que diz respeito ao setor de streaming.
Para ela, o aporte à Condecine por meio de plataformas VoD não pode ter alíquota inferior a 6% da receita bruta.
Joelma lembrou que cinemas, operadoras de TV paga e telecomunicações já contribuem para a Condecine. Só o segmento Vod não paga.
O secretário defendeu a regulamentação urgente do setor, com mais estímulo à produção audiovisual independente. “O que defendemos amplamente é que tenhamos uma visão estratégica sobre a sua importância, não apenas como produção cultural, mas como setor económico relevante, motor da economia criativa”, explicou Joelma. “E isso só acontecerá se o VoD for regulamentado, priorizando a produção brasileira independente.”
Joelma Gonzaga disse ainda que o tema é uma das prioridades do Ministério da Cultura.
Política de sucesso
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual, Leonardo Edde, disse que o Brasil é um dos maiores consumidores de conteúdo audiovisual do mundo, mas é preciso garantir incentivos também para a produção audiovisual brasileira.
Segundo ele, esta foi uma política bem sucedida do Lei do Serviço de Acesso Condicionalque exigia cotas para conteúdo audiovisual nacional na TV paga. Edde argumenta que a lei de regulamentação do VoD segue o mesmo caminho.
“Antes da Lei 12.485 tínhamos menos de 1% de participação na produção brasileira na TV paga. Depois de cinco anos de lei já eram mais de 17%, e os canais que exibiam mais produção brasileira cresceram muito e começaram a entrar no ranking dos cinco mais assistidos”, disse.
Ainda na avaliação de Leonardo Edde, os dois projetos de streaming precisam de ajustes para garantir a presença de conteúdo brasileiro independente nos serviços.
Visão do YouTube
Chefe de Políticas Públicas do YouTube, Alana Rizzo acredita que os projetos em análise no Congresso trazem uma assimetria regulatória que prejudica uma parcela da indústria audiovisual.
“As propostas acabam beneficiando apenas uma parcela específica de profissionais e deixam de fora uma infinidade de criadores menores, independentes, de grupos sub-representados, favorecendo a concentração do mercado e reduzindo a diversidade do setor”, alertou. “Essa assimetria acaba beneficiando os vencedores do setor”, acrescentou.
Segundo ela, o YouTube apoia a criação de incentivos à produção local, mas precisa incluir profissionais audiovisuais e criadores que vêm transformando a cena independente.
Alana defendeu a “igualdade de tratamento” entre os diferentes atores que serão impactados pelas políticas públicas.
Mudanças no projeto
Ex-diretor da Ancine e especialista em regulação audiovisual, Vera Zaverucha defendeu a aprovação do PL 8889/17, com modificações. Para ela, a proposta precisa ser mais abrangente para incluir, além das plataformas de streaming e compartilhamento de conteúdo (como o YouTube), aplicativos de televisão via internet, que já existem.
Além disso, Vera afirmou que não basta que o projeto estabeleça um percentual mínimo de 10% de conteúdo nacional. Segundo ela, esse percentual deve ser composto por produções independentes.
Vera Zaverucha defendeu o aumento dos impostos sobre as plataformas e a atribuição de 50% deste imposto ao fundo do sector audiovisual, para financiar produções independentes.
O restante seria utilizado pelas próprias plataformas para licenciar conteúdo brasileiro. Os direitos autorais, porém, na opinião do especialista, devem permanecer nas mãos dos produtores independentes brasileiros.
A assessora do CCS, Sonia Santana, que solicitou o debate, também defendeu que todos os tipos de vídeo sob demanda sejam contemplados pela regulamentação e que seja exigido pelo menos 10% de conteúdo brasileiro independente nos serviços.
Ela defende ainda que, na discussão no Congresso, as duas propostas em análise deveriam ser apegado e prosseguir em conjunto.
Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein
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