MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal (PF) concluiu na última sexta-feira (11/01) a investigação dos assassinatos do indígena Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Em relatório final, a polícia confirmou que os crimes ocorreram em decorrência de atividades de fiscalização realizadas por Pereira na região da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, na fronteira com a Colômbia e o Peru.
Em dois anos de investigação, nove pessoas foram indiciadas. A investigação resultou no indiciamento do suspeito considerado o mandante dos crimes: Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia. Ele está preso. Cabe ao Ministério Público Federal (MPF) decidir se denuncia ou não o homem apontado como mandante dos crimes.
Segundo a PF, o suposto mandante forneceu cartuchos para as execuções, patrocinou as atividades da organização criminosa voltada à pesca ilegal no Vale do Javari e esteve envolvido na coordenação da ocultação dos corpos das vítimas.
A investigação também apontou, segundo nota divulgada pela PF, a atuação do crime organizado na região de Atalaia do Norte (AM), porta de entrada do Vale do Javari. Esta atividade está ligada à pesca e caça ilegais. “As ações do grupo criminoso geraram impactos socioambientais e causaram ameaças aos órgãos de proteção ambiental e às populações indígenas”, afirmou a PF.
O MPF no Amazonas denunciou Amarildo Oliveira, o Pelado, como autor do crime; seu irmão Oseney de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha.
Amarildo e Jefferson serão levados a júri popular. Por falta de provas, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região determinou a exclusão de Oseney do julgamento popular.
Bruno e Dom foram assassinados na madrugada do dia 5 de junho de 2022. Os corpos só foram encontrados dez dias depois, em uma das margens do rio Itaquaí, no Vale do Javari, próximo à comunidade onde moravam dois dos três acusados .
O MPF argumentou que Amarildo e Jefferson confessaram os crimes. A participação de Oseney, por sua vez, foi comprovada por depoimentos de testemunhas, segundo o MPF.
O órgão afirmou ainda que já havia registro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por causa da pesca ilegal em território indígena. “O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido a Dom que fotografasse o barco do acusado, o que é classificado pelo MPF como motivo fútil e pode agravar a pena”, afirmou o Ministério Público.
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As investigações da PF continuaram após a denúncia. A polícia procurou apurar o “nível de ódio”, nas palavras dos investigadores, que levou pescadores da região do Vale do Javari a executarem as duas vítimas.
Outros pescadores, alguns deles familiares de Amarildo, foram indiciados pela PF, principalmente pela participação na ocultação dos corpos das duas vítimas. Eles também foram denunciados pelo MPF.
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