Esquerda encolhe nas maiores cidades do País

Esquerda encolhe nas maiores cidades do País


Os partidos de esquerda só conseguiram conquistar três prefeitos nas 39 cidades da região metropolitana de São Paulo.

Foto: Reprodução

Os partidos de esquerda só conseguiram conquistar três prefeitos nas 39 cidades da região metropolitana de São Paulo. (Foto: Reprodução)

Este ano, os partidos de esquerda tiveram o pior desempenho nos maiores colégios eleitorais do país desde 2000. PT, PSB e PDT governarão juntos apenas 9,7% das cidades com mais de 200 mil eleitores. Os dados foram levantados pelo cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB), que analisou os resultados históricos dos partidos no G103, grupo que reúne as 103 cidades com mais de 200 mil habitantes, onde há o possibilidade de um segundo turno.

Esses municípios, apelidados de “PIB eleitoral”, concentram 40% do eleitorado brasileiro e funcionam como vitrine para projetar as forças partidárias no quadro político nacional. “Em 2020, eram 19 partidos com representantes em cidades com mais de 200 mil eleitores. Em 2024, esse número caiu para 13, uma redução de 31,5%”, afirmou Medeiros.

Segundo ele, o panorama desta eleição mostra que o centro e a direita dominam os grandes centros urbanos, enquanto a esquerda tem capilaridade reduzida. Entre os partidos de esquerda, o PT teve o melhor resultado: conquistou seis dessas cidades, incluindo Fortaleza (CE), única capital que será governada pelo partido. Há 24 anos, o partido tinha nomes à frente de 22 grandes cidades. PSB e PDT governarão apenas dois municípios do G103.

“Os partidos de esquerda, ancorados no discurso identitário e na ideologia sindical dos anos 1980, deixaram de dialogar com o Brasil mais religioso e com a nova classe C, que surge em torno de um futuro mais empreendedor”, disse a pesquisadora.

O PL consolidou-se como o partido com maior número de prefeituras no G103. Em relação a 2020, a festa passou de duas para 16 cidades. O PSD garantiu o comando de 15 dos maiores municípios.

Os partidos de esquerda só conseguiram conquistar três prefeitos nas 39 cidades da região metropolitana de São Paulo. A conta cresceu com a reeleição de Marcelo Oliveira, atual prefeito de Mauá, que é petista. Oliveira recebeu a visita de Lula no segundo turno, assim como José de Filippi Júnior, prefeito de Diadema, derrotado nas eleições por Taka Yamauchi, do MDB.

No ranking da região, PL teve o maior número de cidades: nove. Em seguida vem Podemos, com sete, MDB, com seis, PSD, com cinco, Republicanos, com quatro e União Brasil, com dois. Assim como PSB, PDT e PT, Solidariedade, Republicanos e PSDB tiveram cada um um prefeito.

Berço do petismo, o ABC paulista terá prefeitos do PSDB (Santo André), Podemos (São Bernardo do Campo) e PL (São Caetano do Sul). Além de Mauá, a esquerda ainda governará Rio Grande da Serra, com Akira Auriani, do PSB, e Cotia, com Welington Formiga, do PDT.

Ricardo Nunes, reeleito prefeito de São Paulo pelo MDB, administrará a maior população de uma cidade do país: 11,5 milhões de habitantes segundo o IBGE.

Guarulhos, segunda maior cidade do estado, elegeu Lucas Sanches, do PL, agora no segundo turno. Ele derrotou Elói Pietá, do Solidariedade, que já havia sido prefeito da cidade pelo PT entre 2001 e 2008. Depois, o PT ainda governou a cidade com Sebastião Almeida, entre 2009 e 2016, mantendo uma hegemonia de 16 anos.

A sequência de prefeitos petistas na segunda maior cidade do estado foi quebrada pelo atual prefeito Guti, eleito pelo PSB, que acabou trocando de partido para o PSD ainda no primeiro mandato.