Debatedores defendem regras novas e específicas para carros autônomos – Notícias

Debatedores defendem regras novas e específicas para carros autônomos – Notícias


29/10/2024 – 14h11

Renato Araújo/Câmara dos Deputados

Os participantes destacaram os desafios na regulamentação dos carros autônomos

Parlamentares e debatedores defenderam nesta terça-feira (29), na Comissão de Viagens e Transportes da Câmara dos Deputados, a criação de normas específicas para carros autônomos – que não exigem motorista e são proibidos no Brasil.

Para eles, a regulação deve abordar o desenvolvimento tecnológico dos veículos autônomos, com atenção, entre outros pontos, à infraestrutura rodoviária, à segurança cibernética e à formação de potenciais condutores e passageiros.

O debate foi proposto pelo deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), relator de duas propostas sobre o tema. “É necessária uma avaliação junto à sociedade, para a segurança jurídica dos fabricantes, proprietários e participantes do trânsito”, afirmou.

O coordenador-geral de Segurança Viária do Ministério dos Transportes, Daniel Mariz Tavares, informou que o Poder Executivo analisa esse tema desde 2017. Segundo ele, entre os principais desafios de uma nova regulamentação estão:

  • a adequação do Código de Trânsito Brasileiro e legislação infralegal;
  • a criação de normas de segurança específicas para veículos autônomos;
  • a definição de atividades secundárias que serão permitidas dentro dos veículos autônomos, como o possível uso de celulares;
  • os mecanismos legais para permitir a circulação de veículos autônomos em fase de testes;
  • a adequação da infraestrutura rodoviária, incluindo condições de conectividade, sinalização e definição de limites de velocidade; e
  • a interação no trânsito entre veículos autônomos e outros.

“Se houver um acidente, quem será o responsável? Teremos também que adaptar a legislação penal”, pediu António Carlos Rodrigues. Os juristas concordaram com a necessidade de alterações às regras atuais.

Para a deputada Nicoletti (União-RR), que participou da reunião, a infraestrutura atual é um dos problemas. “Hoje não existe ou é deficiente, não temos sinalização, e será preciso cuidar da estrutura física das estradas e de outras estradas”, notou.

Por outro lado, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), instituição que trabalha para reduzir os índices de sinistralidade no trânsito, com regras adequadas, a utilização de veículos autônomos poderia trazer benefícios ao país.

“Mesmo com ressalvas metodológicas, estimativa indica que 5,3 mil mortes teriam sido evitadas em 2022 se toda a frota de quatro rodas fosse composta por veículos autônomos”, comentou Paulo Guimarães, principal executivo do ONSV.

Participaram do encontro desta terça-feira o professor da Universidade de São Paulo Mauricio Zanoide de Moraes; servidores do Ministério Público Federal Andrea Martinesco e Marcelo Guedes; e a advogada Flaviana Rampazzo Soares.

Duas propostas
Em análise na Câmara, o Projeto de Lei 1317/23, do deputado Alberto Fraga (PL-DF), regulamenta o uso de veículos autônomos, a atuação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e a responsabilidade por acidentes ou infrações.

A proposta considera veículo terrestre autônomo aquele que, quando motorizado, não depende de motoristas humanos para se locomover por meio de tecnologia georreferenciada, com tomada de decisão por meio de inteligência artificial.

Segundo Alberto Fraga, que presidiu a audiência pública desta terça, é preciso mudar o Código de Trânsito Brasileiro. “Esta inovação tecnológica poderá fazer parte do quotidiano e é necessária para garantir a segurança dos cidadãos”, afirmou.

Hoje apegado Ao texto anterior, o Projeto de Lei 3.641/23, do deputado Bruno Ganem (Pode-SP), cria normas específicas para veículos parcial ou totalmente autônomos. “É essencial uma legislação clara e abrangente”, argumentou.

Próximas etapas
As propostas estão sendo tramitadas em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Estradas e Transportes; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, o texto final terá que ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.

Relatório – Ralph Machado
Edição – Rachel Librelon



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