A disparidade salarial entre os profissionais de saúde faz com que o reajuste oferecido pelo governador Romeu Zema (Novo) varie entre R$ 60 e R$ 560, segundo dados do Portal da Transparência segmentados pelo EM Data Center. A proposta do governador é aumentar os salários de todos os colaboradores, independentemente da faixa salarial, em 3,62%. No topo da pirâmide da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) está o “especialista em políticas públicas e gestão governamental”, que ganha, em média, R$ 15.646,36. Assim, o aumento percentual oferecido pelo Executivo representaria R$ 566,40 para este trabalhador. Existem 946 funcionários nesta posição.
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Também no topo estão médicos e doutores da área de gestão e saúde. Considerando novamente os salários médios dos dois cargos, o reajuste salarial oferecido pelo governo representaria um ganho de, respectivamente, R$ 442,08 e R$ 306,81 para os quase 1.500 profissionais nessas funções.
A realidade é oposta à dos cargos comissionados. Os 566 técnicos operacionais de saúde, por exemplo, têm salário médio de R$ 1.703,98, pouco acima do mínimo de R$ 1.412. O reajuste oferecido pelo governo no projeto em tramitação na Assembleia, se aprovado na forma atual, aumentaria os salários desses funcionários em apenas R$ 61,68. Para efeito de comparação, esse valor seria suficiente para comprar, no máximo, dois pratos feitos em Belo Horizonte, segundo o último levantamento do Mercado Mineiro, que fixou o preço médio dessa refeição em R$ 25,80 na cidade.
Outras duas categorias de saúde teriam reajustes médios inferiores a R$ 100: auxiliares de gestão e apoio à saúde; e aqueles contratados como profissionais de enfermagem. No primeiro caso, o aumento seria de R$ 92,58, considerando o salário médio de R$ 2.557,51. Existem 529 pessoas nesta função. No cenário de 1.450 enfermeiros comissionados, o reajuste é de R$ 90,23, ante o salário médio de R$ 2.492,67.
Maior categoria da área da saúde com 4.896 funcionários, os profissionais permanentes de enfermagem têm salário médio de R$ 3.602,84. Assim, o reajuste sobre esse valor daria um valor mensal de R$ 130,42, suficiente para comprar cinco PFs em BH. A área conta com outros dois cargos que ultrapassam a marca de 1.000 funcionários públicos: o de especialista em políticas e gestão de saúde; e o técnico operacional de saúde (permanente).
As duas posições têm situações antagônicas. Enquanto os 1.222 especialistas têm salário médio de R$ 7.401,18, o que resultaria em um reajuste de R$ 267,92 na proposta apresentada; Os 1.718 técnicos recebem, em média, R$ 3.173,36, o que resulta em um acréscimo de R$ 114,88.
Os dados consideram a planilha de março do Governo de Minas Gerais, a mais recente disponível no Portal da Transparência. Os valores apresentados consideram o salário base, portanto, os benefícios a que os servidores públicos têm direito não são acumulados.
Abaixo da inflação
O reajuste de 3,62% fica abaixo da inflação acumulada no ano passado, quando o IPCA fechou em 4,62%. O texto foi aprovado em primeiro turno com 54 votos a favor e nenhum contra na ALMG, mas a Câmara ainda analisa alterações ao projeto, que deve ser votado na próxima semana.
O líder da situação, João Magalhães (MDB), pediu a verificação do quórum e apenas 33 dos 77 parlamentares responderam ao chamado. Com isso, a análise de possíveis alterações foi adiada. Entre eles está um da oposição que prevê autorização para o governo aumentar o aumento para 10,67%, considerando perdas inflacionárias em 2022 e 2023.
Na prática, o movimento realizado na Assembleia deixa a votação do PL 2309/2024 suspensa até, pelo menos, a próxima semana. Durante este período, os funcionários públicos devem continuar a planear estratégias de protesto e os parlamentares ganham mais tempo para negociações.
Além do reajuste
Os trabalhadores da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) têm uma segunda agenda em discussão, que vai além do reajuste dos servidores: o Projeto de Lei 2.127/2024, também de autoria do governador Romeu Zema. A proposta quer criar o Serviço Social Autônomo de Gestão Hospitalar em Minas, o que, para os funcionários, é visto como uma privatização da Fhemig.
Segundo o projeto de lei, o novo órgão será uma pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos, de interesse coletivo e de utilidade pública, com prazo de duração indeterminado e que atuará na prestação de serviços públicos de saúde, de forma exclusiva e gratuita, aos usuários do SUS, de forma complementar às políticas públicas de saúde do Estado.
A proposta, porém, é criticada pela Associação Sindical dos Trabalhadores Hospitalares de Minas Gerais (Asthemg). “O governo quer se libertar da responsabilidade de cuidar da saúde pública. O governador quer ‘vender’ a gestão dos hospitais públicos a privados, sem qualquer critério, colocando em risco a prestação de serviços de saúde. Estas são consequências da terceirização dos hospitais públicos”, escreve a entidade em petição aberta contra a medida.
O texto chegou a ser aprovado nas comissões de Constituição, Justiça e Saúde da Assembleia. Porém, uma irregularidade na apreciação do parecer por meio de convocação extraordinária resultou no retorno do projeto à Comissão de Saúde, após questões de ordem levantadas pelos deputados estaduais Lucas Lasmar (Rede) e Doutor Jean Freire (PT), que questionaram justamente essa irregularidade. .
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