Eleições 2024: de que tamanho o bolsonarismo sai das urnas?

Eleições 2024: de que tamanho o bolsonarismo sai das urnas?


516 prefeitosincluindo nas capitais Aracaju, Cuiabá, Maceió e Rio Branco, um vice na maior cidade do país, São Paulo, 4.957 vereadores, 43,1% a mais que há quatro anos.

O Partido Liberal (PL), sigla de Jair Bolsonaro, foi um dos grandes vencedores do Eleições municipais de 2024.

O desempenho, somado às vitórias de candidaturas que estavam abrigadas em outros partidos, mas que defendiam agendas próximas às apoiadas pelo partido, mostra que o campo bolsonarista surge fortalecido nas urnas.

Essa é a ideia central da análise que os cientistas políticos entrevistados pela BBC News Brasil fazem sobre o corrida eleitoral que terminou neste domingo (27/10).

“Esse campo realmente alcançou um sucesso importante nas eleições”, diz Camila Rocha, estudiosa do bolsonarismo e diretora do Centro de Imaginação Crítica do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CCI-Cebrap).

Mas se, por um lado, o Acampamento de Bolsonaro sai fortalecidoPor outro lado, deixa as disputas municipais de 2024 com as divisões internas mais aparentes, observam os especialistas.

Como resultado, outros líderes de direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB) ganhou espaço e margem de influência.

Desde que Bolsonaro assumiu a Presidência em 2019, uma parte da direita radical que aderiu à sua ideologia fluiu para uma política mais tradicional.

Outra fatia, por sua vez, radicalizou ainda mais o discurso, movimento simbolizado no surgimento de figuras como Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, com uma retórica antissistema que se estendia até à religião.

Essa segmentação reflete de certa forma a própria diversidade do voto bolsonarista, avalia Monalisa Soares, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (LEPEM-UFC).

Quando foi eleito em 2018, Bolsonaro misturou diferentes perfis de eleitores: apoiadores anti-PT; liberais que simpatizavam com o seu ministro da Economia, Paulo Guedes; conservadores que se identificaram com a agenda aduaneira; e outros, com o próprio ex-soldado.

“O que vemos agora é uma contradição maior nesse campo”, acrescenta o cientista político, referindo-se a disputas como as de São Paulo e Curitiba, em que mais de um candidato reivindicou a unção do ex-presidente durante a eleição. campanha.

“Isso reflete a possibilidade de haver candidatos que estão na mesma área, mas que sinalizam diferentes partes deste eleitorado”.

Em São Paulo, o PL de Bolsonaro indicou o vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) – que venceu Guilherme Boulos (PSOL) e conquistou a reeleição neste domingo -, enquanto Pablo Marçal reivindicava posição de “apoiador raiz de Bolsonaro”.

O PL também teve vice-presidente na disputa do segundo turno na capital paranaense, no Eduardo Pimentel (PSD), que saiu vitorioso neste domingo, apoiado pelo governador Ratinho Junior (PSD). Sua adversária, Cristina Graeml (PMB), porém, usou repetidamente a imagem do ex-presidente durante a campanha, apresentando-se como uma verdadeira bolsonarista.

Guilherme Casaões, coordenador do Observatório de Extrema Direita, categoriza esta redistribuição das forças do bolsonarismo no espectro político como uma “cisão”.

De um lado, um bolsonarismo institucional, que caminhava para a costura de alianças partidárias, a articulação de apoios partidários no Congresso.

Do outro, um movimento mais radicalizado, uma novidade que surge nestas eleições com a ascensão de Marçal em São Paulo. “Nem sei se é possível continuar chamando isso de bolsonarismo”, pondera.

Camila Rocha, do CCI-Cebrap, também acha que é cedo para definir onde se encaixa Marçal.

“O que podemos dizer, com base no que observamos, é que esses fenômenos ainda estão no campo da extrema direita e vêm de um repertório comum com o bolsonarismo quando reafirmam, por exemplo, valores cristãos conservadores, o antiesquerdismo, o anticomunismo. “

Marçal afasta-se especificamente do universo do bolsonarismo, acrescenta, na ênfase que dá à questão do empreendedorismo, “muito mais acentuada”, na maior capacidade de diálogo com os eleitores mais pobres e residentes de zonas periféricas e com os jovens.

Mayra Goulart, professora do departamento de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom) acrescenta à lista uma redução do militarismo no discurso, com um paralelo aumento do componente neoliberal.

PL: quando o bolsonarismo encontra o fundo eleitoral

Beto Barata/PL
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, também sai mais forte

Os cientistas políticos são unânimes em afirmar que o PL sai maior nas urnas em 2024. Eleito em 516 municípios, 50% a mais que no pleito anterior, o PL é o quinto partido em número de prefeituras.

“Surge como um partido internalizado, capilarizado, capaz de fazer alianças locais”, avalia Goulart.

Também se consolida como um dos grandes partidos de direita do país, o “centro do bolsonarismo institucional”, avalia Casarões.

Com isso, seu presidente, Valdemar Costa Neto, também se fortalece.

O alinhamento mais à direita do partido é recente. O PL nasceu em 2006, na época Partido Republicano (PR), da fusão do Partido Liberal, fundado em 1985 durante a redemocratização, com o Partido pela Reedificação da Ordem Nacional (Prona), fundado em 1989 por Enéas Carneiro.

Desde a sua fundação apresenta um perfil ideológico mais fluido, semelhante às lendas fisiológicas que compõem o sistema político brasileiro.

Tornou-se vice-presidente do primeiro governo Lula, com José Alencar (que mudou de partido em 2005), e formou a base parlamentar da gestão petista —mesmo estando no centro do escândalo do Mensalão.

A virada ocorreu em 2022, quando Bolsonaro, que estava há dois anos sem partido, se filiou ao partido e parte do campo de Bolsonaro começou a se organizar dentro do partido.

No Ceará, a chegada dessas forças provocou uma briga interna que culminou na demissão do então presidente do PL no Estado, o veterano Acilon Gonçalves, de perfil mais tradicional, em novembro de 2023.

“O grupo Bolsonaro derrubou o líder, assumiu o cargo e organizou o partido para essas eleições, concentrando toda a sua energia em Fortaleza”, afirma Monalisa Soares.

Quem esteve na vanguarda deste movimento foi André Fernandes, que este domingo perdeu o segundo turno por uma margem estreita para o petista Evandro Leitão e em 2022 foi o deputado federal mais votado do estado.

Em Minas Gerais, por sua vez, o partido conta hoje com o que Camila Rocha considera um dos principais nomes do bolsonarismo nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira.

“Ele foi utilizado como um grande militante nessas eleições, para conseguir não só prefeituras, mas também vereadores”, acrescenta.

Em Belo Horizonte, o candidato apoiado por Nikolas, Bruno Engler (PL), não conseguiu vencer o segundo turno contra Fuad Noman (PSD), que conquistou a reeleição.

Mesmo com a derrota na capital mineira e cearense, Rocha considera que só o fato de o partido ter chegado ao segundo turno com candidaturas competitivas nessas duas cidades com candidatos jovens, que disputavam pela primeira vez cargos no Executivo, reforça a tendência de fortalecimento do bolsonarismo observada nestas eleições.

A carga ideológica — que, via de regra, tem menos peso nas eleições municipais do que nas nacionais — não foi, porém, a única força motriz do PL em 2024.

Goulart destaca quatro novas regras políticas e eleitorais que acabaram por dar mais poder aos líderes partidários.

Um deles foi o financiamento público de campanhas, que distribuiu R$ 4,9 bilhões aos partidos. O PL foi o partido que recebeu a maior fatia, R$ 886 milhões.

Outra foi a redução do número máximo de candidaturas que cada partido pode inscrever para disputas legislativas, além da cláusula de barreira, que incentivou os partidos menores a se unirem em federações, e, por fim, a imposição do orçamento, que o cientista político define como “o aumento do controle dos deputados sobre o orçamento público e as transferências feitas através de emendas parlamentares aos municípios”.

É nesta última categoria que entram em cena o que ficou popularmente conhecido como “emendas pix”, as transferências com recursos de emendas parlamentares feitas sem transparência e com pouca fiscalização.

E Bolsonaro?

Jair Bolsonaro vestindo camisa da seleção brasileira durante discurso

Imagens Getty
‘A grande questão que fica é entender como Bolsonaro administra essa cisão na direita que ele mesmo ajudou a produzir’, diz especialista

Se o campo bolsonarista emerge aparentemente fortalecido, ainda que rachado, o mesmo não se pode dizer do JairBolsonaro. Os especialistas estão divididos na análise do resultado destas eleições para o ex-presidente.

Para Casarãos, que também é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), “a figura de Bolsonaro, que ainda é o centro de gravidade desse movimento que chamamos de Bolsonaroismo, está relativamente fortalecida”.

“A grande questão que fica é entender como Bolsonaro administra essa cisão na direita que ele mesmo ajudou a produzir”, acrescenta, dando como exemplo a disputa em São Paulo.

“O apoio de Bolsonaro ao [Ricardo] Nunes, ao mesmo tempo que sinalizava a Pablo Marçal, mostra a dificuldade que teve em compatibilizar estes dois mundos.”

Na capital paulista, Bolsonaro acabou se escondendo da disputa no primeiro turno, apesar de seu partido ter sido vice-campeão na chapa de Nunes.

Quem manifestou forte apoio ao candidato do MDB foi outro líder de Bolsonaro, o governador do estado, Tarcísio Freitas (Republicanos), que foi incisivo nas críticas a Marçal. É apontado como um dos fiadores da reeleição de Nunes e uma das figuras que também sai mais forte destas eleições.

“Acho que essa situação de disputa entre os líderes do campo de Bolsonaro também acaba enfraquecendo a própria figura de Bolsonaro”, avalia Rocha.

“Antes ele era o árbitro absoluto dos conflitos neste campo, e agora perdeu força, perdeu poder”.

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A situação de Bolsonaro continua delicada, acrescenta o cientista político, devido à sua inelegibilidade, que deixa o seu nome fora das urnas até 2030.

O PL e Valdemar Costa Neto deixaram clara a intenção de lutar no Congresso para que Bolsonaro seja anistiado e possa concorrer novamente, mas este não é um processo tão simples, acrescenta.

Bolsonaro também viu alguns dos candidatos em quem mais investiu pessoalmente perderem no segundo turno. Ele escolheu Goiânia, capital de Goiás, para passar o dia da votação apostando na vitória, mas viu seu candidato, Fred Rodrigues (PL) ser derrotado por Sandro Mabel (UB), que recebeu 55% dos votos.

Mabel foi apoiada pelo governador Ronaldo Caiado (UB), que também é visto como líder da direita e se apresenta como potencial candidato à presidência em 2026.

Durante a campanha, Caiado e Bolsonaro trocaram provocações. Veterano da política e ex-aliado de Bolsonaro, o governador de Goiás tem defendido que a direita não deve centralizar o poder em torno de um único líder.

E chegou a dizer que Pablo Marçal provou que o “direito não tem dono”.

“A próxima eleição (presidencial) será aquela que tiver mais candidatos à direita, não tenho dúvidas. É muito difícil reunir todas as ideias em torno de um partido único e cada um vai surgir como candidato com teses próprias. no primeiro turno Pablo Marçal deixou claro em São Paulo que o direito não tem dono. O próprio Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) já mencionou a importância de atrair outras correntes, construir um projeto, antecipar isso”, afirmou Caiado. , durante a campanha.



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