Investigação sobre venda de sentenças por ministros do STJ está no Supremo; processo está sob sigilo

Investigação sobre venda de sentenças por ministros do STJ está no Supremo; processo está sob sigilo


Segundo as investigações, um grupo, com ajuda de funcionários dos escritórios, comprava e vendia decisões judiciais do STJ.

Foto: Emerson Leal/STJ

Segundo as investigações, um grupo, com ajuda de funcionários dos escritórios, comprava e vendia decisões judiciais do STJ. (Foto: Emerson Leal/STJ)

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi escolhido como relator do inquérito que investiga um suposto esquema de venda de penas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O caso, que inicialmente tramitava em sigilo, chegou ao Supremo porque as investigações preliminares mencionam ministros do STJ, que têm direito a foro especial.

Em princípio, a principal suspeita dos investigadores – pelo menos até agora – era que funcionários do gabinete cometeram as irregularidades sem o conhecimento dos ministros. Porém, um relatório sobre movimentações financeiras elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) acabou exigindo o envio do caso ao Supremo.

Segundo investigações, reveladas pela revista Veja, um grupo de advogados e lobistas, com ajuda de funcionários do escritório, comprou e vendeu decisões judiciais do STJ. Mensagens indicam que o grupo pagou até R$ 50 mil a um interlocutor judicial para garantir decisão favorável em uma disputa. “Até a vírgula é igual”, diz a conversa interceptada.

“Os fatos narrados pela reportagem [da Veja] já são objeto de investigação administrativa e criminal. Assim que chegaram ao conhecimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram instaurados inquérito, já parcialmente concluído, e processo disciplinar (PAD). Além disso, a pedido do STJ, os fatos também estão sob investigação da Polícia Federal. Informações adicionais não podem, neste momento, ser prestadas para não prejudicar as investigações em curso”, disse o STJ.

Segundo as investigações, um dos funcionários do tribunal executava o esquema de venda de penas em dois escritórios diferentes e trabalhava no STJ há 20 anos.

O Superior Tribunal de Justiça informou que instaurou novo processo disciplinar e afastou, como medida cautelar, servidor citado em investigações sobre atuação ilegal de agentes em cargos. Com esta medida, o Tribunal amplia as investigações que podem resultar em novos procedimentos internos.

O Tribunal também disse que não há, até o momento, nenhuma evidência do envolvimento de ministros na investigação que investiga um suposto esquema de venda de penas. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) após investigações preliminares mencionarem ministros do STJ, que têm direito a foro especial.

Os processos estão sendo complementados por dados compartilhados pela Polícia Federal e pela Inspetoria Nacional de Justiça.