Enquanto Lula quer se descolar de derrotas, Bolson…

Lula foi o fiador do nome do deputado do PSOL, Guilherme Boulos, para concorrer à prefeitura de São Paulo. Para tanto, o PT desistiu de lançar candidato próprio para apoiar o ex-líder do MTST. Ele foi atrás de Marta Suplicy para vice, a ex-prefeita que saiu do partido e saiu atirando após ser preterida pelo partido.

Mas, à medida que a vitória do psolista se tornou mais distante, o presidente também começou a recuar, cancelando agendas e passando a se esforçar menos em sua candidatura, o que frustrou a campanha. Em Porto Alegre, Lula nem apareceu. Maria do Rosário permanece bem atrás de seu adversário no MDB, Sebastião Melo, nas pesquisas de intenção de voto.

Dois pontos pesam nessa conta: evitar que as derrotas caiam no colo do presidente e não criar inimigos desnecessários diante de uma base tão fragmentada e inconstante no Congresso com mais dois anos de governo pela frente.

Já o presidente participou de campanhas em segundo turno onde os candidatos são mais concorridos, como Fortaleza com Evandro Leitão, do PT, que disputa a prefeitura contra André Fernandes, do PL. Lula cumpriu agenda com o deputado estadual logo após o resultado do primeiro turno. Em Natal, onde a disputa é menos acirrada, mas com chances para a petista Natália Bonavides, uma das apostas do partido, o ex-presidente também esteve presente.

Na direita, uma cisão ficou evidente com a entrada de Pablo Marçal, do PRTB, nas eleições paulistas. O ex-presidente Bolsonaro se viu dividido entre apoiar alguém que representasse o próprio bolsonarismo ou o nome escolhido pelo PL, no caso, Ricardo Nunes. Portanto, ele enviou uma mensagem confusa aos eleitores. Assim como fez em Curitiba, declarando apoio a Cristina Graeml, enquanto seu partido está com Eduardo Pimentel, nome do atual governador Ratinho Jr, do PSD.

Com uma postura de direita ainda mais radical, Marçal expôs esta situação, o que acabou por criar uma imagem de falta de compromisso do ex-presidente. Até o pastor Silas Malafaia, fiel aliado do ex-capitão, o chamou de “covarde” por não ter uma posição clara.

Foi de “covarde” que o ex-presidente também chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos nomes da direita para 2026. Bolsonaro decidiu arranjar briga na campanha de Fred Rodrigues, do PL, contra Sandro Mabel, da União.

O ex-presidente sentiu-se ameaçado não pela esquerda, que estava mais desacreditada, mas pela direita, que até agora parecia fortalecida. Bolsonaro foi testado nestas eleições municipais no papel de inelegível encurralado.