Ser alguém que conhece a cidade de São Paulo é o principal fator na escolha de um candidato pelos eleitores da capital. O item recebeu nota média de 9,2 dos entrevistados pelo Datafolha, e ser religioso foi a qualidade considerada menos essencial para o candidato entre os apresentados, com nota 5,6.
O resultado desafia pelo menos retoricamente um dos aspectos mais explorados pela direita desde a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência em 2018, a importância da religião na definição do voto.
O segmento evangélico politicamente ativo, 28% nesta amostra populacional do Datafolha na capital, costuma ser associado ao bolsonarismo. Não é por acaso que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição, está presente na Marcha por Jesus nesta quinta-feira (30), mesmo tentando manter certa distância de Bolsonaro para evitar a perda de votos centristas .
Também confirmado no evento, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) só chegou ao poder com o apoio do ex-presidente. Com efeito, Nunes lidera a votação evangélica – entre os 40% de católicos, há empate técnico com o deputado Guilherme Boulos (PSOL).
O instituto realizou sua mais recente pesquisa sobre o estado de ânimo do eleitorado na maior cidade do país na segunda (27) e na terça (28). Foram entrevistadas 1.092 pessoas no trabalho, contratadas pela Folha de S.Paulo e cadastradas sob o número SP-01845/2024 na Justiça Eleitoral, com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Depois de conhecer a cidade, os paulistas valorizam mais o histórico sem casos de corrupção, com nota 8,9. Nessa área, os adversários do prefeito usarão as acusações feitas à gestão contra o emedebista, que as nega. Em seguida vem o programa dos candidatos, com nota 8,8.
Em seguida, destaca-se a experiência administrativa, com 8,7, principal calcanhar de Aquiles de Boulos e de todos os demais candidatos na disputa. Só o prefeito, que herdou o cargo após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021, pode usar o trunfo.
Boulos procurou melhorar esse aspecto ao escolher a ex-prefeita Marta Suplicy (PT, 2000-04) para ser sua pré-candidata a vice-presidente.
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O passado político da pessoa pontua 8,2 na escala de importância, próximo aos 8 atribuídos à sua trajetória. Aqui, cada candidato pode escolher uma história para contar.
A compatibilidade política entre candidato e eleitor, na visão de quem elege, é importante e recebe nota 8. A questão do escolhido para vice-presidente, cuja própria presença de Nunes à frente da prefeitura já faz sua importância claro, recebe uma pontuação de 7,8.
Alguns degraus abaixo, aparece o carisma do candidato, com nota 7,3, e então surgem temas que tendem a ser supervalorizados: o apoio dos padrinhos políticos.
Aos ouvidos, o apoio do governador recebe nota 6,8, praticamente a mesma de quando o padrinho é o presidente, 6,7. Nesta eleição, Boulos concorre com o apoio explícito do presidente Lula (PT), enquanto Nunes tem ao seu lado o governador Tarcísio. No caso do psolista, a associação é reconhecida por 47%; na do prefeito, em 33%.
Por fim, no final do ranking surge a já citada questão religiosa.
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