O presidente Lula e a coordenação política do governo aguardam o fim das eleições para fazer uma avaliação mais detalhada da disputa municipal. Já é certo que esquerda foi derrotado, mesmo que ganhe alguns confrontos importantes no segundo turno, e o Centrãoo certo e o conservadorismo ficou mais forte. A questão é sobre a elasticidade da pontuação final.
Numa avaliação preliminar realizada após o primeiro turno, dado o revés sofrido, os governantes retomaram a ladainha de que é preciso melhorar a comunicação governamental. Há insatisfação pelo fato de a melhoria dos indicadores econômicos, como crescimento econômico, emprego e renda, não terem gerado pontos positivos na avaliação do governo —nem votos nas urnas.
Em São Paulo, por exemplo, o deputado Guilherme Boulos (PSol), apoiado por Lula, enfrenta dificuldades para conquistar os eleitores mais pobres, o que, desde o início da campanha, era visto como sua principal aposta para crescer e derrotar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 17, Nunes tem 51% de intenções de voto nas projeções do segundo turno, contra 33% de Boulos.
Inspiração do Bolsonarismo
Além de reforçarem a divulgação de dados econômicos positivos, os aliados de Lula afirmam que o governo precisa eleger bandeiras capazes de promover o engajamento e a mobilização popular, exatamente como fazem JairBolsonaro e segmentos direitos. Há um diagnóstico de que a agenda petista, apoiada na recuperação do PIB e nos programas sociais, já não é suficiente e, por isso, é preciso avançar.
O problema é escolher as bandeiras e torná-las convincentes. Ex-ministro da Casa Civil e líder histórico do PT, José Dirceu acha que o governo deveria priorizar o debate na área de segurança pública, onde nadam os bolsonaristas. A sugestão de Dirceu é priorizar o trabalho de inteligência — e não a repressão, como faz a direita — para enfrentar desde grandes organizações criminosas até crimes cotidianos que atormentam a população, como o roubo de celulares.
Meses atrás, Lula prometeu um plano ambicioso para a área, mas a chamada “PEC da Segurança Pública” está em segundo plano. Até o momento, o presidente e o PT não encontraram uma forma de lidar com essa questão. Por isso, os ministros sugerem outras bandeiras mobilizadoras, como a educação em tempo integral, que permitiria que mais mulheres, que constituem a maioria do eleitorado, dedicassem mais tempo à carreira profissional. Outra ala defende investimentos pesados no empreendedorismo, considerado uma nova e poderosa demanda social. Por falta de rumo, esse debate ainda vai longe.
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