‘Era obrigação do Nunes ter podado as árvores’, diz Lula sobre apagão em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) atacou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) neste sábado (19) e o colocou como um dos responsáveis ​​pelo apagão que atingiu a cidade de São Paulo nos últimos dias.

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“Era obrigação do prefeito mandar podar [as árvores]“, disse o presidente, que então declarou não querer conversar com o prefeito ou governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Lula fez as declarações em live de campanha ao lado do candidato Guilherme Boulos (PSOL).

Candidato à reeleição, Nunes é do MDB, partido aliado de Lula em âmbito nacional e que ocupa ministérios do governo federal. Em São Paulo, Nunes conta com o apoio de Tarcísio, adversário de Lula e cogitado para a disputa de 2026, e tem um vice indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), outro rival do presidente.

“Temos 1.492 árvores que poderiam ter sido podadas e não foram. E é o mínimo que um prefeito pode fazer. não tem ‘r’ e aí tem que podar por causa da chuva, que pode ser de setembro”, disse Lula.

“Todo prefeito de São Paulo, todo vereador, sabe que toda vez que chove tem problema de árvore. Então era obrigação do prefeito mandar podar [as árvores]. Ele não podou porque talvez não olhe para cima, talvez nem olhe para o céu”, acrescentou o presidente.

Lula também criticou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). “Temos uma agência reguladora que não regulamenta nem fiscaliza. Foi feito acordo com o órgão fiscalizador paulista que também não regulamenta nem fiscaliza”.

“E temos a prefeitura que se comprometeu e não fiscaliza. Não quero ficar discutindo, nem com o governador, nem com o prefeito. do povo terei minhas brigas políticas com quem quer que seja.”

“Aqui em São Paulo não foi um problema da natureza. A natureza choveu, choveu, choveu, mas se as árvores tivessem sido derrubadas, se a empresa, a Enel, tivesse se responsabilizado e feito como deveria, se a empresa monitoramento que São Paulo fiscalizou, se o órgão nacional fiscalizou, porque todas essas pessoas foram nomeadas pelo último governo. Elas têm mandato, é importante saber.”

Um dia antes, Nunes chamou o ministro de Minas e Energia do governo Lula, Alexandre Silveira, de “sem compromisso” e “mentiroso”. Nunes falava do apagão que atingiu mais de 3 milhões de domicílios na Grande São Paulo e que ainda atinge parte da população, uma semana depois de fortes chuvas.

Nunes se refere à participação de Silveira em evento em Roma com o diretor da Enel para o resto do mundo, Alberto De Paoli, na última sexta-feira (11), dia do apagão. O evento tem sido aproveitado pelo prefeito para dizer que o governo federal discute a ampliação da concessão da empresa em São Paulo, o que Silveira nega.

Nunes foi questionado por um repórter o que ele achava da Enel, distribuidora de energia elétrica, ter tantas reclamações, inclusive fora de São Paulo, e ainda assim continuar com a concessão de energia em diversas cidades.

Na terça-feira (15), Tarcísi e os 17 prefeitos da região metropolitana enviaram ofício ao TCU (Tribunal de Contas da União) pedindo intervenção na empresa. Após receber críticas de diversas autoridades por falta de atuação na crise, a Aneel anunciou que convocará a Enel para explicar os problemas.

O apagão foi o principal tema debatido pelas campanhas de Nunes e Boulos nesta semana. Poucas horas antes do Folha/UOL/RedeTV! Debate, na quinta-feira (17), o prefeito desistiu de participar do evento e citou como motivo uma reunião marcada pelo governador para tratar da crise energética.

Neste sábado, Boulos cancelou dois eventos de campanha marcados para este sábado (19) em São Paulo ao lado do presidente Lula. A justificativa foram as chuvas que atingiram a cidade.

O candidato e o presidente tinham agenda no Jardim Myrna, na zona sul da capital, às 10h, e outra em São Mateus, na zona leste, às 15h.

Em vez de agendas de rua, Boulos e Lula fizeram essa campanha ao vivo. O candidato do PSOL também pretende percorrer a cidade para monitorar os efeitos das chuvas. Ele ainda deve participar do debate na TV Record, marcado para as 21h.

Ao longo do primeiro turno, diversas atividades entre Lula e Boulos foram incluídas na agenda prevista do candidato do PSOL, mas acabaram canceladas. O presidente participou de um comício e uma caminhada.

A expectativa inicial dos aliados do deputado era de que o presidente participasse de mais agendas de rua, mas a previsão acabou sendo derrubada.