Ó Projeto de Lei 2.309/2024, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), poderia significar um reajuste de, no máximo, R$ 116,93 para a maioria dos funcionários da Secretaria de Estado de Educação (SEE), considerando a média salarial da categoria. Levantamento realizado pelo EM Data Center mostra que o reajuste não ultrapassa a marca citada para 97,7% dos servidores públicos que atuam no SEE, novamente levando em consideração a média salarial de cada cargo. Com o preço médio de uma refeição preparada em R$ 25,80 em Belo Horizonte, segundo o último levantamento do Mercado Mineiro, o aumento de R$ 116,93 pagaria, no máximo, quatro refeições desse tipo para educadores.
Os dados consideram a planilha de março do Governo de Minas Gerais, a mais recente disponível no Portal da Transparência. Dos 243.036 servidores da educação, 237.682 ocupam cargos cujo reajuste de 3,62% não ultrapassa a marca de R$ 116,93, considerando a média salarial. Nesta quarta-feira (29/5), os deputados estaduais aprovaram, em primeiro turno, o texto apresentado na Câmara pelo governador.
Incluídos nesse grupo estão cerca de 160 mil professores da educação básica, que receberão em média os citados R$ 116,93 de reajuste, caso o projeto seja sancionado na sua forma atual. A realidade é bem pior entre os cerca de 40 mil auxiliares do serviço de educação básica, que terão direito a um acréscimo médio de R$ 47,22, o que não compraria duas PFs em BH. Os assistentes técnicos de educação embolsarão em média R$ 86,34, enquanto os especialistas em educação básica terão seus salários reajustados em média R$ 112,85.
A realidade melhora um pouco entre os professores do ensino superior, que atuam na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Com salários médios de R$ 8.112,80, o reajuste de 3,62% significaria um aumento médio de R$ 293,68 para a categoria. Os valores apresentados consideram o salário base, portanto, os benefícios a que os servidores públicos têm direito não são acumulados.
A Secretaria de Estado de Educação representa 66,46% dos servidores do Governo de Minas Gerais. Como EM mostrou na segunda-feira passada, 93,8% dos servidores do departamento ganham até quatro salários mínimos, uma das piores realidades do Executivo. Por outro lado, mais da metade dos funcionários da área de Finanças e Advocacia Geral (AGE) recebem mais de 16 salários mínimos. A maioria dos funcionários dos órgãos dedicados à arrecadação tributária e defesa jurídica do estado estão, portanto, na “nata” da folha de pagamento paga pelo Palácio Tiradentes, embolsando – sem considerar auxílios adicionais – mais de R$ 22,5 mil por mês.
A diretora estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Marcelle Amador, disse ao EM que a situação dos trabalhadores da rede estadual é ainda pior do que mostram os dados. “Tem muita gente que ganha menos que um salário mínimo. Há mulheres e homens que estão nas cantinas, preparando o almoço; quem recebe as pessoas na recepção; que limpam os quartos e banheiros… Isso é muito sério, muito sério. Sempre denunciamos que a educação recebe os salários mais baixos do Executivo”, afirma.
Segundo ela, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) garante um piso de R$ 4.580,57 para a categoria, mas a administração pública paga um piso de R$ 2.652,29. Nesta quarta-feira, após aprovação do reajuste em primeiro turno, a categoria realizou assembleia na ALMG para debater as medidas em resposta ao governo. A reportagem entrou em contato com o Sind-UTE/MG para verificar o resultado da reunião e aguarda retorno.
O reajuste de 3,62% fica abaixo da inflação acumulada no ano passado, quando o IPCA fechou em 4,62%. O texto foi aprovado em primeiro turno com 54 votos a favor e nenhum contra na ALMG, mas a Câmara ainda analisa alterações ao projeto, que deve ser votado na próxima semana. O líder da situação, João Magalhães (MDB), pediu a verificação do quórum e apenas 33 dos 77 parlamentares responderam ao chamado. Com isso, a análise de possíveis alterações foi adiada. Entre eles está um da oposição que prevê autorização para o governo aumentar o aumento para 10,67%, considerando perdas inflacionárias em 2022 e 2023.
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