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A Editorial Sul
| 17 de outubro de 2024
A defesa aguarda cartas de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo
Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil
Os quatro principais clubes de futebol do Rio de Janeiro – Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama – não responderam no prazo ao pedido da DPRJ (Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro) sobre o pedido de retirada de publicidade das casas virtuais de apostas, as chamadas apostas, impressas em produtos oficiais voltados ao público infantil.
O pedido foi enviado aos clubes no dia 1º, estabelecendo prazo de 15 dias para resposta, que terminou na quarta-feira (16). Na manhã desta quinta-feira (17), a Defensoria Pública informou que não houve resposta e que a instituição irá reiterar o pedido.
O pedido foi feito pela CoInfância (Coordenação da Infância e Juventude) e pelo Nudecon (Centro de Defesa do Consumidor) da DPRJ. Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama têm apostas como patrocínio master (exibição principal no uniforme, na frente da camisa) segmento que está sob grande escrutínio no país, pela quantidade de recursos que estão drenando a economia e impactos comportamentais nos apostadores.
O documento assinado pelos defensores Rodrigo Azambuja Martins e Thiago Henrique Cunha Basílio cita as leis 8.069/90 e 8.078/90 e a resolução 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que regulamentam a publicidade de artigos destinados ao consumo e uso por crianças e adolescentes.
Além disso, apresenta a Portaria 1.231, de 31 de julho de 2024, da Secretaria de Prêmios e Apostas, entidade do Ministério da Fazenda. O artigo 17.º estabelece que “em caso de patrocínio de um operador de apostas, o seu logótipo não deve ser incluído em artigos e mercadorias vendidos a menores de 18 anos”.
Segundo a Defensoria, a iniciativa de oficializar os clubes surgiu após a instituição receber denúncias de que os nomes das casas de apostas patrocinadoras dos clubes estavam estampados em camisetas e itens infantis.
Na carta, a Ouvidoria “solicita e recomenda” que os clubes se abstenham de comercializar produtos com o nome da casa de apostas e que não exista esse tipo de publicidade em competições de equipes de base que incluam atletas menores de 18 anos.
apostas
Nos últimos meses, as atividades das apostas têm enfrentado o escrutínio público devido aos efeitos na economia e nas famílias. Levantamento do Instituto Locomotiva calculou que 25 milhões de pessoas começaram a fazer apostas esportivas em plataformas eletrônicas nos primeiros sete meses de 2024. Em cinco anos, o número chegou a 52 milhões.
Outro estudo, ligado à multinacional de auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers, constatou que as apostas desportivas comprometem os orçamentos familiares das classes D e E, impactando negativamente o consumo de bens e serviços.
O mercado de apostas conseguiu drenar parte dos recursos dos programas sociais. Segundo o Banco Central, os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas via Pix em agosto.
O governo tomou medidas para regular o setor, por exemplo, colocando offline os sites de apostas ilegais. O Ministério das Finanças estabeleceu a proibição da utilização de cartões de crédito para pagar apostas.
Nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá acabar com o mercado de apostas caso a regulamentação não seja suficiente para garantir a saúde mental e financeira da população.
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Clubes devem responder sobre publicidade de apostas para crianças
17/10/2024
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