A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada em 24 de setembro pelo Congresso Nacionalapós dois anos de tramitação, passou a permitir a reeleição para os órgãos dirigentes dos Tribunais de Justiça (TJ) estaduais.
A Emenda Constitucional 134 alterou o artigo 96 da Constituição. Dispõe que a eleição deverá ocorrer entre os membros do tribunal pleno, por maioria absoluta e voto direto e secreto. O mandato dos eleitos será de dois anos, permitidas reconduções sucessivas.
Mas a regra não se aplica a todos os TJs, apenas àqueles formados por 170 ou mais juízes em exercício. Neste caso, os únicos afetados pela nova legislação são os tribunais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os TJs são as instâncias máximas do Poder Judiciário em cada unidade da federação e são responsáveis por zelar pela aplicação das leis estaduais e federais.
O autor da PEC 26/22, que deu origem à EC 134, é o ex-deputado Christino Aureo (RJ). A proposta foi aprovada por Câmara dos Deputados ainda em 2022. Depois de um longo processo, o Senado também aprovou este ano a iniciativa do ex-parlamentar carioca.
Tanto na Câmara quanto no Senado não houve dificuldades para aprovar a PEC, que contou com o apoio do governo e da oposição. Entre os deputados, 354 votaram a favor e apenas 46 foram contra. No Senado, houve apenas quatro votos contrários.
No Congresso, chamou a atenção esse raro momento de consenso entre parlamentares do governo e da oposição. Os políticos acreditam que isso só foi possível graças ao bom relacionamento entre o juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Luiz Zveiter e figuras de destaque de diferentes espectros, incluindo os opositores PT e PL.
A nova legislação impactará direta e imediatamente o TJRJ. O tribunal está às vésperas de realizar sua eleição interna. Luiz Zveiter é um dos candidatos na disputa. Foi presidente do órgão entre 2009 e 2010 e foi reeleito em 2016, mas sua reeleição foi bloqueada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucional a regra que permitia a recondução com base em resolução interna.
Para muitos, Zveiter é um dos candidatos mais fortes nas eleições, devido ao respeito que goza entre os seus pares. Quando foi presidente do TJRJ, foi autor de uma série de iniciativas, entre elas a implantação do sistema de transparência institucional e do Centro de Controle Interno, com aumento significativo na produtividade do tribunal.
Durante sua gestão, em 2009, o TJRJ bateu recordes no julgamento de processos, tanto na área cível quanto criminal, e até hoje continua sendo o mais produtivo do país. O tribunal também cumpriu todas as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Zveiter tem outras conquistas importantes no TJRJ, como os programas Justiça Itinerante e Justiça Cidadã, que ampliaram o acesso à Justiça em áreas carentes e remotas. Sua gestão também foi marcada pela criação de políticas de reinserção social para ex-presidiários e pela implantação do Plano Mater, que monitorava abrigos para crianças e adolescentes em todo o estado. Durante seu mandato foi criado o Centro Judiciário de Acolhimento Provisório para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica.
Na disputa pelo comando do TJRJ – cuja eleição ocorrerá em novembro – o principal concorrente de Zveiter é o desembargador Ricardo Couto. Atual diretor do Mútua dos Magistrados, plano de saúde para juízes do Rio de Janeiro, Couto conta com o apoio do atual presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Cardoso, que o nomeou para administrar o fundo do tribunal. Couto também conta com o apoio de juízes vinculados à Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde atua como professor e coordenador do Exame da Ordem.
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