Marcela Trópia: ‘A Câmara mostra a raiz de muitos dos problemas’

Marcela Trópia: ‘A Câmara mostra a raiz de muitos dos problemas’



Com a quinta maior votação para a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) entre todos os eleitos, Marcela Tropia (Nova) Ele atribuiu seu resultado nas urnas ao trabalho consistente realizado ao longo de seu primeiro mandato, marcado pela atuação técnica, focada nas necessidades da população e pela comunicação transparente e acessível. O vereador foi reeleito para um segundo mandato com 17.878 votos, 7 mil a mais que nas eleições de 2020.

Secretário-geral da Casa Legislativa, o parlamentar acredita que a nova composição da Câmara Municipal será marcada por maior fragmentação ideológica entre os vereadores. O parlamentar acredita que com os novos nomes que comporão a próxima legislatura, a polarização se intensificará, com grupos políticos mais fortes e definidos, o que também poderá dificultar a aprovação de projetos de interesse do próximo prefeito e exigir um esforço maior de diálogo . e negociação para aprovação de propostas.

Em entrevista com Estado de Minas e Portal Uai Ontem, Marcela também comentou suas expectativas e propostas para o próximo mandato, além dos problemas da cidade. A parlamentar afirmou ainda que não declarará apoio à candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL) ou do prefeito Fuad Noman (PSD), que disputam o segundo turno à Prefeitura de Belo Horizonte, pois aguarda o posicionamento do partido. Apesar disso, afirmou que o partido dialoga com o bolsonarista. “Acredito que a neutralidade será mais interessante para a bancada (Novo), porque, para nós, literalmente não importa quem ganha esta prefeitura”, afirmou. Confira os principais trechos:

A que você atribui o aumento significativo de votos?

Acho que o resultado de uma votação expressiva é fruto do trabalho de três anos e meio que tivemos para mostrar à cidade que é possível fazer política fora da polarização, é possível fazer política de forma técnica, atendendo as bases, atendendo a periferia da cidade e levando tudo isso com uma comunicação muito versátil, muito jovem, muito acessível nas redes sociais. Digo que a vitória nas urnas nunca é apenas um fator. Nunca é só uma festa muito boa, um padrinho muito bom. Tem que ter uma soma de fatores e o mandato representa trabalho entregue, trabalho técnico, uma rede social muito forte e uma capilaridade na cidade que consegui manter ao longo desses quatro anos.

Houve alguma proposta que você não conseguiu avançar e pela qual pretende lutar agora neste segundo mandato?

Consegui cumprir todas as propostas que prometi em 2020. Algumas delas ainda não estão em vigor devido à crise política que vivemos com a prefeitura. Apresentei um pacote de inovação, vale destacar que é um projeto para trazer mais startups para Belo Horizonte para resolver os problemas da cidade usando tecnologia, e foram três projetos. Consegui aprovar dois. Falta o Marco Municipal de Startups, que já foi protocolado novamente com 21 assinaturas, e espero que, agora, depois do segundo turno, possamos retomar o diálogo com o atual prefeito e o futuro prefeito que assumirá em janeiro. 1º.

O outro projeto que, infelizmente, não conseguimos avançar foi a Lei da Liberdade Económica. Belo Horizonte é uma das poucas cidades mineiras que ainda não possui uma lei que traga essa nova cultura de como tratar os empreendedores, com mais confiança e mais agilidade no setor público. Essa lei também voltou a ser protocolada, agora neste segundo semestre, com a assinatura de vários colegas da Câmara, da esquerda, da direita e da base.

Quem você acha que vencerá as eleições?

Pergunta de um milhão de dólares, certo? Não vou correr nenhum risco. Acho que ambos têm pontos a favor e contra esta eleição. Acho que o Bruno traz um frescor, uma jovialidade, ideias muito parecidas com as minhas, inclusive na agenda econômica, e ele tem defendido abertamente o Framework de Startups, o que é bom. Vemos que a equipe econômica dele estudou o que a Câmara já fazia. Mas a campanha do Fuad tem mais entregas, porque ele está no poder, ele traz aquela segurança que o pessoal de Belo Horizonte gosta, sabe, de reeleger prefeito. Desde quando não reelegemos prefeitos? Então é uma luta boa de assistir. Acho que nos próximos 15 dias muita coisa pode acontecer. Não vou arriscar nem um palpite.

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Você não vai declarar apoio?

Não, por enquanto permanecerei neutro devido à posição do partido. O partido está conversando, sim, com Bruno Engler, mas, mesmo que ele declare apoio, acredito que, para a bancada (do Novo), a neutralidade será mais interessante, porque, para nós, literalmente, não importa quem ganha esta prefeitura.

O Novo não falou com o Fuad?

Não, não houve conversa. Apesar da boa base de apoio que o governador Romeu Zema tem na Assembleia, não tem como avançarmos juntos devido à oposição que a bancada teve na Câmara, certo?

Se Fuad for reeleito, como espera que seja a relação entre vocês? Houve momentos de conflitos e falta de diálogo direto com a prefeitura, e você até reclamou disso. As coisas melhoraram depois, mas como você espera que a dinâmica se desenvolva se ele for reeleito?

Sempre gosto de dar uma chance às pessoas. Não é porque o prefeito Fuad e o ex-prefeito Alexandre Kalil tiveram mandato longe da Câmara Municipal que uma nova gestão não pode começar do zero, até porque Fuad, neste momento, se reeleito, irá compor uma prefeitura como gostaria. , como gostariam as novas alianças que ele trouxe, e não herdar a prefeitura de um ex-apoiador.

Acredito também que com Álvaro Damião como vice-presidente da Câmara, que é um líder sem paralelo na Câmara Municipal, o diálogo pode ser restabelecido. Então, conto muito com o Álvaro como ponte, como ele sempre gosta de dizer, que gosta de ser ponte, e ele pode trazer um pouco mais dessa visão da importância da Câmara Municipal para a gestão da prefeitura . Também acho que as pessoas merecem uma segunda chance. Não é porque houve uma administração distante que a segunda não abrirá portas. Para mim o jogo começa do zero, sem rancores, sem ressentimentos. Recomeçamos, porque o importante é cuidar de Belo Horizonte.

Qual é a sua avaliação do capital?

Deixo minha avaliação para os telespectadores. Não preciso ditar aqui para ninguém. Hoje temos vergonha de mostrar nossa cidade para as pessoas que vêm aqui. Antigamente era um prazer levar turista à Praça do Papa, era um prazer mostrar a Praça da Liberdade, ir à Lagoa da Pampulha, mostrar a igrejinha. Hoje a gente fica falando: “Então, a praça está em construção, mas aqui era lindo mesmo, sabe? A vista era linda. Então, a cidade está um pouco suja, mas é porque está seca, né?” Estamos inventando desculpas para explicar o péssimo trabalho da prefeitura.

De modo geral, você acha que a Câmara fiscaliza menos a prefeitura?

Pelo contrário, penso que por estarmos a monitorizar tanto, estão a aparecer mais coisas que não estão a ser bem feitas. Muitas vezes o cidadão está percebendo algo um pouco estranho, mas quando o vereador traz o motivo, traz a causa raiz, ele entende que tem aí um problema crônico. A Câmara mostra a raiz de muitos dos problemas que estão acontecendo na cidade, que o cidadão, seja porque não tem tempo, seja porque não tem interesse, ou porque muitas vezes não entende como funciona a gestão pública, não consegue saber onde está a culpa, certo? Às vezes ele culpa o prefeito, culpa o governador e não sabe muito bem de onde vem, e o vereador consegue canalizar esses problemas da maneira certa. Acho que a Câmara está fiscalizando muito mais, dando mais trabalho à prefeitura.

Como o senhor analisa a nova composição da Câmara de Belo Horizonte?

É uma Câmara com grupos mais fragmentados. Então, temos pessoas que vão continuar sendo a nossa base, independente de qual prefeito vença, tem a direita, tem a esquerda, tem grupos políticos aí também, ligados a um deputado ou a outro, a uma figura mais forte ou a outra, mas eu sentem que estes grupos são mais fortes em termos de identidade. Eles têm agendas mais claras, estão unidos por um motivo mais claro e será interessante acompanhar a composição nos próximos meses. Aquela massa de vereadores que atuam localmente, que não ligam muito para agendas mais ideológicas, esse número reduziu. Temos cada vez mais vereadores preocupados com agendas ideológicas e também regionais, mas você sabe aquela massa grande de vereadores aí que você poderia reunir 10, 12 vereadores que não têm problema em estar no mesmo bloco de outro vereador que pensa um pouco diferente, porque o propósito da pessoa ali é trabalhar pela região, pelo bairro, por uma causa, pelas causas animais, pelas pessoas com deficiência, acho que esse grupo diminuiu e agora tem uma identidade muito forte. Acho que foi polarizado no meio de um pentágono, de um grupo grande.

Com essas diferentes correntes políticas, como você dialoga com vereadores de outros partidos, de ideologias diferentes, para obter apoio para a aprovação de suas propostas?

Procuro manter um diálogo muito aberto e muito franco com meus colegas, e tenho uma grande premissa: não sentirei raiva ou ressentimento com nenhum colega vereador, a menos que tenha um motivo muito claro. Porque muitas vezes os colegas chegam na Câmara e falam: ‘Ah, fulano é do PT, não vou nem falar’, ‘Ah, fulano é meu concorrente regional, não sou até vou conversar’. Eu sou o contrário, procuro ver o que posso extrair de cada relacionamento, o que temos em comum. Porque tenho certeza que meus colegas do PSOL, por exemplo, que estão diametralmente do lado oposto, podem concordar comigo sobre o Framework de Startups. Por outro lado, quando vejo daqui, da direita, que teria mais semelhanças com o grupo do PL, que às vezes é muito radical em alguns pontos, posso trazer essas votações para uma agenda, por exemplo, educação, melhoria do IDEB, da força-tarefa oftalmológica. As agendas municipais não são originalmente ideológicas. Bolsonaro ou Lula não resolvem um buraco na rua; ambos querem resolver isso. Temos que focar naquilo que nos une e negociar projeto a projeto.

Como está a discussão do Conselho de Administração?

Está tudo muito frio. Após o segundo turno, acho que as discussões vão se intensificar. Acho muito preliminar dizer “Fulano tem tantos votos, Beltrano tem tantos votos”. Acho que há cinco grandes grupos na Câmara e depois temos que aguardar o segundo turno. Vejo um grupo ligado ao (prefeito da Câmara) Gabriel, vejo um grupo ligado ao secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, vejo um grupo da direita, um da esquerda e um grupo aguardando a resposta do prefeito -eleição para fazer seus pedidos e formar a base do governo. Nenhum deles ganha a eleição sozinho, porque afinal 40 dividido por 5 não dá 21, e não são simples composições. Tem postes aqui que se repelem, certo? Não vejo direita e esquerda se unindo em um nome consensual, também não vejo o grupo do Marcelo Aro e do Gabriel se unindo para escolher um nome. Será uma composição interessante.





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