Falha de controle em exames pode ter levado a HIV em transplantes

Falha de controle em exames pode ter levado a HIV em transplantes


Polícia investiga se houve negligência e o objetivo de reduzir custos

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

© Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Civil investiga se a negligência no controle de qualidade do laboratório PCS Labs foi o motivo dos erros nos testes que liberaram órgãos infectados pelo vírus HIV para transplante.

Os órgãos foram considerados, pelo laboratório, livres do vírus e, portanto, considerados aptos para transplantes em seis pacientes, que acabaram infectados pelo vírus causador da AIDS.

Segundo o delegado André Neves, as investigações detectaram negligência na verificação da validade dos reagentes, ou seja, dos produtos químicos que reagem com o sangue contaminado e indicam a presença do vírus. Se estiverem desactualizados, estes fornecimentos podem ser ineficazes na detecção do VIH e resultar num teste falso negativo. O objetivo era reduzir custos e aumentar o lucro do laboratório, segundo Neves.

“Foi feita uma análise qualitativa diária dos reagentes, até dezembro. Depois disso, essa análise passou a ser semanal. A ideia era reduzir o custo [para o laboratório]. Quando você diminuiu o custo, aumentou o risco. A pessoa que determinou isso [o espaçamento das checagens dos reagentes] será devidamente responsabilizado criminalmente”, afirmou o delegado, que é diretor do Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil. “Houve violação do controle de qualidade visando o lucro, deixando de lado a segurança dos testes”

O chefe da Polícia do Consumidor, Wellington Oliveira, afirma que há outras hipóteses sendo investigadas, incluindo a emissão de denúncias falsas. Nesta segunda-feira (14), a Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão: Walter Vieira, que é um dos sócios do laboratório, e um técnico. Outros dois alvos de mandados de prisão estão foragidos, segundo Oliveira.