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A Editorial Sul
| 11 de outubro de 2024
O desconforto de Múcio com o tema não surpreendeu Lula. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Após declarar em evento para empresários esta semana que “questões ideológicas” interferem nos negócios de Defesa e têm impedido, até o momento, a compra de veículos blindados de Israel para o Exército Brasileiro, o ministro José Múcio voltou a ser alvo de setores do PT que pedem sua saída do governo. Mas, por enquanto, a demissão não está no radar. Segundo interlocutores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro já falaram sobre o episódio. As informações são da Coluna do Estadão.
O fato é que o desconforto de Múcio com o tema não surpreendeu Lula. O próprio ministro havia procurado o presidente para falar sobre o assunto, sugerir uma proposta intermediária para resolver o impasse na compra de obuseiros de 155 mm e falar sobre os questionamentos do Ministério da Defesa ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Em abril passado, a empresa israelense Elbit Systems venceu uma licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados. Mas o negócio foi paralisado por disputas internas. Uma delas é a resistência de Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais da Presidência da República, com o argumento de que seria incoerente o governo brasileiro adquirir equipamentos militares de Israel, cujas ações na Faixa de Gaza são criticadas por Presidente Lula.
Em resposta a Múcio, o TCU afirmou que as leis brasileiras não impedem que as Forças Armadas comprem material de empresas sediadas em países em guerra e que não existem tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário que criem obstáculos nesse sentido. Além disso, segundo o ministro, o Tribunal de Contas não permitiu que o contrato “fosse entregue ao segundo colocado”, a empresa checa Excalibur.
Nos últimos dois dias, houve quem apostasse na Esplanada dos Ministérios que Múcio decidiu falar em público sobre o assunto para “cavar” a própria demissão, pois já está cansado deste e de outros embates ideológicos na atual gestão . Pessoas mais próximas do ministro, porém, ressaltam que essa não é a sua forma de agir. E, caso decida deixar o governo, o presidente Lula será o primeiro a ser avisado.
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Lula conversa com ministro da Defesa após falar sobre veto aos blindados israelenses; a saída está fora do radar
11/10/2024
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