10/11/2024 – 17:22
Entre os dias 6 e 8 de novembro, o Congresso Brasileiro sediará a décima reunião dos presidentes dos parlamentos do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais o Parlamento Europeu e a União Africana. Chamado de P20, o grupo de parlamentos foi criado em 2010, com o objetivo de envolver os parlamentares nas discussões do G20, a fim de fortalecer a colaboração global e a aplicação dos acordos internacionais propostos pelo grupo de países.
Como aponta o consultor legislativo da Câmara, Acauã Leotta, se as decisões do G20 resultarem em tratados ou acordos internacionais, esses documentos precisam ser ratificados. Isto significa que têm de ser aprovados pelo Parlamento de cada país.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Câmara promoveu reuniões organizativas da Cimeira P20
Além disso, explica, os debates do G20 giram em torno de políticas públicas. E as casas legislativas – no caso brasileiro, a Câmara e o Senado – são os espaços de debate dessas políticas. Se os parlamentares estiverem envolvidos nas discussões desde o início, isso facilita a adoção de ações governamentais resultantes de reuniões entre chefes de estado e de governo.
O tema da reunião dos chefes de parlamentos do G20 deste ano em Brasília será Parlamentos por um Mundo Justo e um Planeta Sustentável. O desenvolvimento sustentável é uma das prioridades do G20 deste ano, que é presidido pelo Brasil. Os outros dois temas prioritários sugeridos para debate pelo governo brasileiro foram a formação de uma aliança contra a pobreza e a fome e a reforma da chamada governança global.
Segundo o consultor Acauã Leotta, o Brasil já avançou este ano na liderança do G20.
“É claro que estão sendo feitos progressos. Foram criadas task forces, uma aliança contra a pobreza e a fome, outra é a mobilização contra as alterações climáticas, e agora, mais recentemente, há notícias de que, de forma pioneira, houve uma reunião de chanceleres do G20 e adoptou um texto sobre governação global reforma. Claro que todos esses avanços são lentos, graduais e dependem de negociação, o que temos até agora são declarações, os textos fundadores dessas áreas, mas a questão é essa. Então o Brasil conseguiu avançar na sua agenda de paz e desenvolvimento, comprometido com essas agendas”, afirmou.
Reuniões preparatórias
O Brasil assumiu a presidência do G20 em dezembro do ano passado. Desde então, realizou 130 reuniões preparatórias para a cúpula de chefes de Estado e de Governo que acontece no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro deste ano. O G20 é presidido alternadamente pelos seus membros e cada país lidera o grupo durante um ano. No Rio, o Brasil entregará o papel à África do Sul.
Como presidente do G20, o Brasil também preside o grupo de parlamentos. Nesse contexto, o país organizou o primeiro Encontro de Mulheres Parlamentares do P20 em Maceió (AL), em julho.
Itawi Albuquerque/Câmara dos Deputados
P20 Mulheres em Maceió: deputada Benedita entre o prefeito JHC e o presidente da Câmara, Arthur Lira
Segundo a coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), no encontro as parlamentares do P20 discutiram as propostas prioritárias do governo brasileiro e temas de interesse das mulheres. Entre eles, a inclusão no mercado de trabalho e na política e o combate à violência. Benedita da Silva afirma que continua dialogando com representantes de outros países para organizar o debate no Parlamento brasileiro.
“Estamos enviando uma carta solicitando que cada país promova a reunião do P20 naquele país e também nos envie o seu relatório para que possamos, através desses relatórios, criar um ‘conjunto’ de ideias e elas serão discutidas no P20 – consequentemente , o resultado vai para o G20”, afirmou.
Procure soluções
O G20 foi criado em 1999 como forma de encontrar soluções para as crises financeiras que afligiram países emergentes, como México, Rússia e Brasil. Naquele primeiro momento, o foco dos países que compunham o grupo era coordenar soluções macroeconómicas e financeiras globais. Portanto, as reuniões foram coordenadas pelos ministros das finanças de cada país.
Com a crise financeira nos Estados Unidos em 2008, as reuniões passaram a ser coordenadas por chefes de Estado e de Governo. A agenda de debates também foi ampliada para incluir temas políticos e sociais.
Relatório – Maria Neves
Edição – Ana Chalub
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