Participação feminina em eleições municipais cresce 1%; 772 cidades têm um partido abaixo da cota

Participação feminina em eleições municipais cresce 1%; 772 cidades têm um partido abaixo da cota


Embora o número de candidatas mulheres em geral tenha aumentado, as candidaturas a vereadoras diminuíram.

Foto: Divulgação/TSE

Embora o número de candidatas mulheres em geral tenha aumentado, as candidaturas a vereadoras diminuíram. (Foto: Divulgação/TSE)

Levantamento do Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara dos Deputados mostrou que a participação feminina aumentou 1% nas eleições de 2024 em comparação com as eleições municipais de 2020. Em 86% dos municípios foi cumprida a cota de 30% de candidaturas femininas. Mesmo assim, em 772 cidades (14%) pelo menos um partido teve menos candidatas mulheres do que o mínimo.

A maioria dos partidos teve em média 35% de candidatas mulheres, superando a meta. A pesquisa mostra que três partidos se destacam por terem perto de 50% de candidaturas femininas: UP (50,93%), PSTU (48,83%) e PCB (48,57%). Não faltaram a cota em nenhuma cidade.

PSDB, PT e PL foram os partidos que mais violaram a cota em números absolutos. Isso aconteceu em, respectivamente, 93, 83 e 58 municípios. Contudo, a nota técnica da pesquisa destaca que esses partidos lançaram muitas candidaturas e, proporcionalmente, o grau de descumprimento é inferior a 5%, considerado baixo.

Nos mais de 700 municípios onde a cota não foi respeitada, existem grandes diferenças entre homens e mulheres. O PCO, por exemplo, não apresentou nenhuma candidatura nas cidades onde não respeitou os 30%. O estudo mostrou que mesmo os partidos que têm pelo menos mais de 35% de candidatas femininas chegam ao máximo de 27% nas cidades onde a cota não foi cumprida.

Embora o número de candidatas mulheres em geral tenha aumentado, as candidaturas a vereadoras diminuíram. Houve menos 27 mil mulheres concorrendo às Câmaras Municipais em 2024 em relação a 2020. Mesmo assim, as candidaturas femininas às legislativas municipais variaram entre 34% e 36%, cumprindo a cota.

Federações

O estudo constatou que todas as federações apresentavam um nível de incumprimento inferior a 2%. “A união dos partidos em federações parece contribuir para um melhor cumprimento da legislação eleitoral relativa à participação feminina. Isso pode ser resultado da combinação de recursos e estratégias para incentivar e viabilizar mais candidaturas de mulheres”, diz a nota técnica.

A federação PSDB/Cidadania registou uma taxa de incumprimento de 1,62%, inferior às taxas observadas quando os partidos atuam separadamente, com o PSDB a apresentar 4,37% e o Cidadania, 6,49%.

Por sua vez, a federação PSOL/Rede também reduziu a diferença entre mulheres e homens. O PSOL apresenta 1,54% e a Rede 3,99%, mas quando somados a alíquota cai para 1,43%.

Desde a implementação das cotas femininas em 2009, os partidos políticos no Brasil nunca as cumpriram. Na Câmara dos Deputados, apenas 18% das cadeiras são ocupadas por mulheres. No Senado, a situação é ainda mais crítica, com as mulheres ocupando apenas 12% das cadeiras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.