Nobel da Literatura vai para sul-coreana Han Kang

A Academia Sueca anunciou nesta quinta-feira, 10, a escolha do autor sul-coreano Han Kang como Prêmio Nobel de Literatura 2024. Segundo a instituição, o escritor de 53 anos tem “uma prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. Com a homenagem, ela se tornou a 18ª mulher a ganhar o prêmio.

Entre os principais títulos assinados por Han Kang estão O vegetariano, Atos Humanos e O Livro Brancopublicado no Brasil pela editora Todavia. Seu trabalho é caracterizado por textos enxutos, mas impactantes, com toques de realismo mágico e pano de fundo político. Em 2018, a autora conversou com VEJA sobre sua inspiração para escrever. “Nosso mundo está cheio de violência e misericórdia”, disse ela — leia a entrevista neste link.

Ainda segundo a Academia Sueca, a obra do autor é caracterizada pela “dupla exposição da dor” que combina “tormento físico e mental”, com forte ligação com pensamentos orientais. Em seu livro mais popular, O vegetarianoque foi adaptado pelo cinema sul-coreano, uma jovem começa a rejeitar carnes e alimentos de origem animal. O que poderia virar um enredo de panfleto sobre veganismo, nas mãos do autor vira uma análise profunda do machismo e do que significa ser humano — além de se tornar vegetariano, o protagonista, aos poucos, almeja se tornar uma planta.

Já no lindo Atos Humanosela recorda com sensibilidade um acontecimento trágico no seu país: o massacre de Gwangju, no qual estudantes que protestavam contra o governo ditatorial do país em 1980 foram duramente reprimidos pelos militares, resultando na morte de mais de 2.000 pessoas. Pela caneta do autor, a história é contada do ponto de vista de familiares e manifestantes, inclusive daquele que conta sua versão dos acontecimentos na vida após a morte.

Han Kang nasceu em Gwangju, em 1970. Aos 9 anos mudou-se para Seul com seus pais. Fruta de uma família que valorizava as artes, dedicou-se ao longo da vida à escrita e à música. Iniciou sua carreira literária na década de 1990, publicando poemas e contos em revistas, e alcançou fama mundial com O vegetarianopublicado originalmente em 2007, mas recebeu o Prêmio Man Booker em 2015, quando ganhou uma tradução para o inglês.