10/09/2024 – 19:51
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Gilson Marques, relator
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (9), proposta que estabelece novas hipóteses para o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.
O texto, aprovado por 36 votos a 14, é substituir do deputado Gilson Marques (Novo-SC) ao Projeto de Lei 658/22, do ex-deputado Paulo Eduardo Martins. A proposta ainda depende de análise do Plenário e para virar lei ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
O projeto altera a lei que trata dos crimes de responsabilidade (Lei 1.079/50). O texto original inclui, como crime de responsabilidade de ministros do STF, “expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, ou sentença depreciativa sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciários ou sobre as atividades de outros poderes da República”.
O texto apresentado por Gilson Marques amplia os crimes para além disso:
- usar suas prerrogativas para beneficiar indevidamente a si ou a terceiros;
- exigir, solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida em função da função;
- violar, por meio de decisão, sentença, voto, acórdão ou interpretação análoga, a imunidade parlamentar material; e
- usurpar, por meio de decisão, sentença, voto, decisão ou interpretação análoga, os poderes do Poder Legislativo, criando uma regra geral e abstrata de competência do Congresso Nacional.
Ainda de acordo com o texto aprovado, caso a acusação de crime de responsabilidade seja rejeitada, será possível recurso ao Plenário do Senado Federal, oferecido por pelo menos um terço dos membros da Câmara. Caso o recurso não seja ouvido no prazo de 30 dias, as demais deliberações legislativas serão suspensas, com exceção daquelas que tenham prazo constitucionalmente determinado.
Gilson Marques destacou que os crimes cometidos pelos ministros do Supremo não recebem atualização há mais de 20 anos. “Juristas e acadêmicos do Brasil e do mundo têm analisado o crescente ativismo judicial, especialmente dos Tribunais Superiores, e a invasão de competências e prerrogativas constitucionais dos Poderes Legislativo e Executivo”, comentou Marques.
“A usurpação dos poderes de outros poderes e a judicialização da política tornaram-se práticas cotidianas. Soma-se a isto o facto de membros dos tribunais nacionais se terem tornado figuras públicas frequentes nos meios de comunicação social, falando sobre todos os temas, incluindo o mérito dos casos em curso”, explicou o parlamentar.
Reportagem – Paula Moraes
Edição – Georgia Moraes
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