Candidatos que nasceram no mesmo dia empataram na disputa por prefeitura

O tema que dominou a pequena cidade de Inhaúma, na região Central de Minas Gerais, na manhã desta segunda-feira (7/10), um dia após a decisão eleitoral mais acirrada da história do município, foi o empate entre os candidatos a prefeito Max Oliveira dos Santos, o Zula (Republicanos) e Carlos Juvenil Gomes Barbosa, o Carlinhos (Solidariedade). Cada um recebeu 2.434 dos 5.780 eleitores aptos a votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao ser entrevistado pelo Estado de Minasos dois ainda estavam atordoados com o que havia acontecido. “Uma sensação incomum em relação às coisas que aconteceram. O empate é…”, disse Carlinhos, lutando para encontrar palavras para explicar o que aconteceu.

“A pesquisa interna que fizemos mostrou uma boa margem de avanço. Esse empate e possível derrota foi uma surpresa muito grande”, disse Zula, segundos depois também com dificuldade de encontrar palavras para explicar o ocorrido.

Em casos como este, a legislação de 1965 no Código Eleitoral determina a vitória do candidato mais velho. Não bastasse a improbabilidade de dois candidatos receberem exatamente 50% dos votos, houve ainda outra coincidência inusitada: ambos nasceram no dia 7 de agosto. A única e completa diferença é o ano. Zula nasceu em 1962 e tem 62 anos, enquanto Carlinhos nasceu em 1978 e completou 46 anos este ano. Outra coincidência une os dois candidatos: ambos nasceram em anos que tiveram Copa do Mundo.

O candidato “não eleito”, por dizer não se considerar derrotado, queixou-se dos critérios utilizados para a decisão, mas reforçou que “respeita a decisão das urnas” e que não pedirá recontagem de votos.

Porém, afirmou estar tranquilo: “Vocês viram, eu estava lá brincando com meus cachorros, a rotina continua, a vida continua e os pés no chão”. Um pouco antes, Carlinhos contou que seus amigos, ainda assustados, estavam indo até sua casa para lhe dar um abraço reconfortante desde as 6h.

O empate surpreendeu Zula, que esperava uma vitória mais confortável, dentro do que é possível na cidade. “As pessoas me conhecem. Ele (Carlinhos) era uma pessoa nova. Primeira vez na eleição. Ele mostrou que as pessoas também querem algo novo”, avaliou.

Desde as eleições de 2004, o prefeito eleito participou de todas as eleições, tendo vencido apenas em 2012, com 49,26% dos votos válidos.

Eleito para governar pelos próximos quatro anos, Zula adotou um tom conciliatório. “Eles tinham esperança no outro, mas não deu certo. No início da gestão, quando as pessoas sentirem seriedade, transparência e resultados, acho que as coisas vão mudar”, afirmou, referindo ainda que não tinha “nada contra ou a favor” do oponente.

Pelas ruas da cidade a divisão era visível. Casas e estabelecimentos que compartilhavam a mesma parede alternavam materiais gráficos amarelos e laranja, cores mais utilizadas pelas legendas. Na porta da comissão de campanha de Carlinhos, por exemplo, as pessoas comemoravam o resultado, mas havia adversários ali. Não apenas pela vontade de zombar do adversário, mas porque o imóvel vizinho é o armazém de materiais de construção do vice-prefeito eleito.

A festa também teve outro momento inusitado. Um dos celebrantes mandou entregar algumas cervejas no local, o motociclista que chegou com um monte de bebidas tinha três adesivos adversários no porta-malas.

912 ELEITORES NÃO VOTARAM

Outra surpresa foi mencionada pelos dois entrevistados, a abstenção de quase 16% dos eleitores: 912 pessoas que tinham direito a votar, não compareceram ou votaram nulo/em branco.

Um integrante da campanha de Carlinhos, ao saber que iríamos procurar alguém que não tivesse votado em nenhum deles, por qualquer motivo, previu aquele que seria um dos maiores problemas. “Acho que ninguém vai querer conversar. Uma cidade pequena, vão acabar discordando de um ou de outro. Acho que ninguém vai admitir”, previu.

Alguns moradores afirmaram que conhecidos não votaram, por motivos diversos, doenças graves, viagens ou porque chegaram ao local de votação com uma pequena diferença de minutos registrados entre o relógio do eleitor e o do local de votação.

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Apenas uma pessoa disse ter votado em branco, mas preocupada com a possibilidade de ser “descoberta” por um dos lados, acabou alegando ter ocorrido um “imprevisto” e passou a ignorar as diversas tentativas de contato.