“Até a vírgula é igual” – as mensagens do esquema…

“Até a vírgula é igual” – as mensagens do esquema…



Faltavam poucos minutos para as oito horas da noite de terça-feira, 5 de dezembro de 2023, quando o advogado Roberto Zampieri deixou o escritório onde trabalhava, na cidade de Cuiabá. Como fazia todos os dias, atravessou a rua, caminhou até o carro e se preparava para sair quando foi abordado por um homem que o esperava. Sem chance de defesa, foi baleado 12 vezes à queima-roupa. Cada detalhe da execução foi meticulosamente planejado com antecedência durante quase dois meses.

Contratado por 40 mil reais, o pistoleiro pesquisou o histórico profissional do alvo, fez os primeiros contatos com a vítima semanas antes, se apresentou como um capelão coxo interessado em adquirir um terreno para o sobrinho e, como disfarce final, acertou com um cúmplice para agir . um clube de tiro local para aquecer a arma de uso restrito. No momento decisivo, improvisou um silenciador para abafar as explosões e disparou. Zampieri morreu instantaneamente. Era para ser o crime perfeito. Não foi.

Caindo ao lado do pé esquerdo da vítima, o celular de Zampieri se tornaria peça-chave em uma trama de assassinato, venda de decisões judiciais e assédio a juízes em Mato Grosso. Seu conteúdo chegaria ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Polícia Federal, em Brasília, e também revelaria que servidores sob a estrita confiança de alguns dos mais antigos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ)Isabel Gallotti, Og Fernandes, Moura Ribeiro e Nancy Andrighi – trocou decisões judiciais em benefício de uma gangue.

A investigação realizada pela PF não identificou participação ou complacência de nenhum ministro citado, mas as mensagens em poder dos investigadores mostram pressão para pagamento de propina, cobrança de valores pendentes e comemorações pela conclusão do binômio pagamento de dívida.

Vestígios do crime

Em um dos diálogos encontrados no celular, o empresário e lobista Andreson Oliveira, após ter obtido antecipadamente a minuta de votação ordenada por um cúmplice, cobra honorários do advogado Roberto Zampieri em processo que envolveu litígio envolvendo um dos maiores bancos no país em Mato Grosso. Envolveu a compra de uma fazenda em Barra do Garças (MT) em que parte do pagamento seria feito a partir de operações de crédito da instituição financeira, que agora exigia o pagamento do passivo.

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Com a decisão efetivamente assinada pelo ministro em questão, o lobista festejou ao comparar a votação do projeto, a que teve acesso após negociar o pagamento a um funcionário do gabinete, e a decisão efetivamente tomada: “até a vírgula é a mesma”, ele escreveu em mensagem apreendida pela PF.

Semanas depois, Andreson entrou em contato novamente com Zampieri e cobrou 50 mil reais para repassar ao “amigo”, identificado nas mensagens como chefe de gabinete e homem de confiança de um dos ministros do STJ. Em áudio também em poder dos investigadores, o lobista relata que o mesmo chefe de gabinete ligou diretamente para ele perguntando sobre atrasos nos pagamentos ou, nas suas palavras, o dinheiro “daquele caso desaparecido da Cátia”. A polícia ainda está investigando todo o contexto do diálogo.

Em nova conversa, Andreson relata que sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues de Mello Gonçalves, recebeu um telefonema exigindo o pagamento de propinas pendentes. Roberto Zampieri então informa que não receberia os valores do atentado naquele dia e certificou-se de qual funcionário do STJ exigia insistentemente o pagamento. As investigações mostram que cada decisão poderia ser vendida por valores que variam de 50 mil a 100 mil reais.

Algum tempo depois, o lobista envia um áudio ameaçador ao companheiro. Ele reclama que Zampieri irritou funcionários do STJ com o atraso nos pagamentos e disse que tentava enganar, alegando que supostamente não conseguiu contatá-lo para cobrar o que era devido. O temor de ambos era que o não pagamento das taxas colocasse o esquema em risco. “Então pare seu trem aí…”, disse ele.

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A VEJA, Andreson Oliveira Gonçalves disse que era amigo de Roberto Zampieri, mas que nunca discutiu com ele qualquer tipo de atividade criminosa envolvendo assessores de ministros do STJ. “Nunca falei de ministro, assessor ou chefe de gabinete do STJ com Zampieri, até porque não os conheço. Não o conheço, não sou amigo, não tenho contato, não tenho nada a ver com assessor, chefe de gabinete ou ministro do STJ”, afirmou.

Quando Roberto Zampieri foi executado em dezembro passado, empresários, parlamentares, juízes e a própria família da vítima iniciaram uma intensa movimentação nos bastidores para evitar que todo o conteúdo do celular do advogado viesse à tona. Um magistrado local ordenou que um agente recolhesse o telefone em uma delegacia, políticos estaduais passaram a exigir favores em troca do acervo armazenado no aparelho e a família ainda recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para bloquear definitivamente a maior parte do telefone. mensagens armazenadas.

O Ministério Público de Mato Grosso ainda investiga se o assassinato tem alguma relação com o esquema de venda de sentenças judiciais, mas um episódio recente tornou o cenário ainda mais atormentador. No início de julho, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso Renato Nery foi morto com sete tiros em frente ao seu escritório em Cuiabá. Nery havia denunciado e atribuído a participação de Zampieri no esquema fraudulento atualmente investigado pela Polícia Federal. Quase um ano depois do crime, a verdadeira motivação dos assassinatos poderia ser a nitroglicerina pura.



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