De Bolsonaro a Marçal, a estratégia política que v…

Disputando voto a voto, os três candidatos que lideravam as pesquisas em São Paulo viveram uma noite de angústia durante a apuração das eleições, neste domingo, 6. Na eleição mais acirrada da história pós-redemocratização, tivemos que esperar até os minutos finais para confirmar os votos. nomes que se enfrentariam no segundo turno na maior cidade do país.

“Fortes emoções”, admitiu à coluna um integrante da campanha do deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL, que ficou em segundo lugar com 29,07% dos votos. À frente estava o prefeito Ricardo Nunes, que obteve 29,48% dos votos.

Aquele que despontou nas últimas pesquisas como o nome que mais crescia em relação aos seus adversários, Pablo Marçal do PRTB, ficou de fora por uma margem muito estreita. Foram 57 mil votos, num universo de 9,3 milhões de eleitores, que o ex-técnico não teve chance de disputar o segundo turno.

Marçal, às vésperas das eleições, decidiu dobrar a aposta. Ele publicou uma reportagem falsa em suas redes sociais afirmando que Boulos já havia sido internado em uma clínica psiquiátrica após um episódio psicótico causado pelo uso de cocaína. Ao longo da campanha, o candidato do PRTB afirmou inúmeras vezes, sem provas, que o parlamentar era usuário de drogas.

O tiro saiu pela culatra, a Polícia Civil de São Paulo comprovou que o documento era falso, no sábado. Vergonha. A estratégia criminosa (sim, espalhar notícias falsas é crime) pode render muito mais do que os votos perdidos pela vaga no segundo turno. Marçal poderia ter diversas implicações legais, incluindo inelegibilidade, assim como Bolsonaro.

O método foi o mesmo utilizado pelo ex-presidente. Além de um discurso agressivo para gerar engajamento, a disseminação flagrante de fake news. Vale lembrar que o ex-presidente tentou minar as eleições de 2022 atacando as urnas eletrônicas, o sistema eleitoral brasileiro, exemplo mundial de eficiência e segurança.

O resultado foi a inelegibilidade. Mas Bolsonaro ainda tem uma multidão de apoiadores que, apesar de tantas notícias falsas propagadas pelo bolsonarismo, ainda confiam nele e acreditam na perseguição do Judiciário. Este movimento gerou um risco democrático que precisa ser combatido com afinco. Caso contrário corremos o risco de normalizar na nossa sociedade uma prática que distorce qualquer democracia.