Há duas primaveras, Lula e Jair Bolsonaro compartilhavam a certeza de que ampliaram suas bases eleitorais e consolidaram lideranças hegemônicas à esquerda e à direita. Havia dúvidas sobre o que e como fazer para garantir a estabilidade deste domínio político.
Em outubro do ano passado já mostravam novas certezas. Lula governou guiado pela ideia da reeleição. Bolsonaro, inelegível até 2030, viajou pelos estados em campanha pela anistia. Eles exalavam convicção de que as eleições municipais de 2024 seriam o primeiro turno de um novo confronto Lula x Bolsonaro.
Não correspondeu à realidade. Quando pensaram que finalmente tinham respostas sobre o futuro, as perguntas já haviam mudado. Começaram a perceber isso no verão passado, durante a definição dos candidatos a prefeito nos maiores colégios eleitorais.
Lula reclamou do déficit de vitórias eleitorais do PT: “Governamos praticamente 22 milhões de brasileiros e perdemos todos [prefeituras]”, disse ele em discurso aos aliados em fevereiro. “O que aconteceu? Onde estava o erro?”
Bolsonaro ficou confuso. Numa semana combinou as candidaturas dos seus favoritos e, na seguinte, apoiou outros candidatos que ele e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, consideraram mais “viáveis” ou palatáveis ao eleitorado.
Quando o inverno começou, o mundo era diferente do que imaginavam. As fraturas começaram a ficar expostas.
Lula passou a enfrentar dupla resistência. Um deles entre os petistas, cuja insatisfação é silenciosa e crescente. Em São Paulo, por exemplo, teve que apelar, às vezes em público, para que o PT reconhecesse Guilherme Boulos, do Psol, como candidato do “partido” a prefeito de São Paulo e financiasse sua campanha —Boulos acabou recebendo 44 milhões de reais , a maior contribuição financeira dos petistas para um aliado.
Outra dificuldade foi com os partidos de base parlamentar do governo. Deixaram claro que a interferência presidencial direta no processo eleitoral era indesejável, possivelmente capaz de desequilibrar o jogo em alguns municípios relevantes.
É uma disputa complexa que envolve interesses de 30 partidos, com a participação de 83 deputados federais e quatro senadores e outros 507 parlamentares motivados diretamente, porque a base municipal é fundamental para a reeleição federal. E Lula mantém a ideia fixa de 2026.
Portanto, ao contrário do que fez nos dois governos anteriores, preferiu retirar-se para Brasília. Ele evitou campanhas de candidatos a prefeito escolhidos por ele mesmo, muitas vezes atropelando o PT para satisfazer aliados no Congresso. Foi permitida escala única em Fortaleza, reduto do adversário Ciro Gomes, abrigado no PDT. Limitou-se a algumas manifestações públicas em São Paulo em apoio a Boulos, a quem agradece por ter organizado o protesto em São Bernardo (SP) durante sua prisão em abril do ano eleitoral de 2018.
Bolsonaro também ficou surpreso. Viu questionada a supremacia que imaginava ter sobre “a direita”, dentro e fora do PL, onde se coloca como um “presidente honorário” assalariado alinhado com Valdemar Costa Neto, a quem define como “dono do partido”.
O caso de São Paulo foi eloquente sobre a erosão desse poder imaginário. Teve que lutar muito para impor um de seus favoritos como candidato a vice-presidente do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que busca a reeleição.
Assistiu ao surgimento da liderança regional do governador Tarcísio de Freitas, dos Republicanos, e à afirmação da competitividade do PSD, do adversário Gilberto Kassab, na maioria dos municípios paulistas. Cometeu o erro de incentivar o nascimento da candidatura de Pablo Marçal, do PRTB, que se apresentava como independente e uma potencial “alternativa” à direita.
Além disso, viu outro adversário, o prefeito Eduardo Paes, do PSD, predominar em seu principal reduto eleitoral, a cidade do Rio. E também presenciou desafios à sua liderança em centros relevantes do ruralismo do Centro-Oeste, como Goiás e Mato Grosso do Sul.
Bolsonaro e Lula vão hoje às urnas como eleitores ilustres. É muito menos do que imaginavam há duas primaveras, quando projetaram 2024 como a preliminar para um novo duelo. O jogo mudou, alertam os eleitores em todas as pesquisas.
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