SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empate técnico de três candidatos do bloco dirigente na reta final da disputa do primeiro turno para prefeito de São Paulo, como vemos agora, é uma situação que só lembra a corrida eleitoral de 2012 na cidade.
O levantamento feito pela reportagem considera os últimos 39 anos, o período da redemocratização, e os 41 anos de existência do Datafolha. A eleição municipal deste domingo será a 11ª desde que os paulistanos votaram novamente para prefeito em 1985.
Ao longo dessas quatro décadas, a única vez que o instituto não divulgou pesquisas para a disputa municipal nos dias que antecederam a eleição foi em 1985. Naquela época, a legislação proibia a divulgação de resultados de pesquisas eleitorais 15 dias antes da votação. .
A pesquisa Datafolha concluída nesta quinta-feira, 10/03, o penúltimo do instituto neste primeiro turno em São Paulo, apontou um grupo na liderança, com Guilherme Boulos (PSOL) registrando 26% dos votos, seguido por Ricardo Nunes (MDB), e Pablo Marçal (PRTB), também com 24%.
Concluído quatro dias antes da eleição, o penúltimo Datafolha do primeiro turno paulista em 2012 havia indicado Celso Russomanno (na época PRB; hoje Republicanos) com 25%, José Serra (PSDB) com 23% e Fernando Haddad (PT ) com 19%.
Naquela época havia igualdade do ponto de vista técnico entre Russomanno e Serra. E também há empate entre o tucano e Haddad na margem de erro de dois pontos percentuais. Porém, não houve empate técnico a três.
Porém, no último levantamento do primeiro turno daquele ano, concluído apenas um dia antes da eleição, o instituto apresentou um embate mais acirrado. Os três candidatos do bloco dirigente estavam tecnicamente empatados, situação que agora se repete. A pesquisa apontou Serra com 24%, Russomanno, 23%, e Haddad, 20%.
“São Paulo enfrenta empate triplo sem precedentes para prefeito”, dizia a manchete da Folha de S.Paulo no domingo de eleição.
Contados os votos, os candidatos do PSDB, com 31%, e do PT, com 29%, passaram para o segundo turno. No final, como sabemos, Haddad saiu vitorioso.
“Acreditei que haveria polarização em São Paulo, com Nunes de um lado e Boulos do outro”, diz o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) sobre a disputa deste ano. “Mas a chegada do Marçal atrapalhou esse cenário. Sem uma grande estrutura partidária, ele conseguiu dividir a direita”.
Segundo Teixeira, é possível perceber uma tendência de queda de Nunes nas pesquisas, movimento que pode deixá-lo de fora da próxima etapa eleitoral. “Uma possível passagem de Marçal ao segundo turno representaria uma derrota não só para Nunes, mas também para o governador Tarcísio de Freitas e para o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Ao comparar os empates triplos de 2012 e 2024 em São Paulo, o professor observa que, na eleição de 12 anos atrás, Haddad começou a campanha com baixa popularidade e cresceu muito na reta final, ingressando no grupo de liderança ao lado de Serra e Russomanno.
Essa ascensão do petista, diz ele, pode ser atribuída à “gigantesca capacidade de transferência de votos de Lula naquela época, algo que não acontece hoje em relação a Boulos”.
Para o colega cientista político Miguel Lago, que já lecionou na Universidade Columbia, em Nova York, o bolsonarismo está representado por dois candidatos nesta eleição de 2024. Oficialmente por Nunes, a quem o ex-presidente anunciou seu apoio e indicou seu vice, Mello Araújo. Extraoficialmente por Marçal, membro de “uma extrema direita mais subversiva”.
A julgar pelas pesquisas, diz Lago, “os candidatos do bolsonarismo têm desempenho melhor do que os candidatos do campo democrático”.
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Segundo ele, a disputa entre Boulos, Nunes e Marçal está totalmente aberta, ou seja, todas as combinações de segundo turno são possíveis, inclusive a chance do candidato do PSOL não avançar para a nova etapa do pleito em São Paulo.
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