“Minha missão de vida, além de defender o legado e a memória de Marielle, é trabalhar para que mais de nós não sejamos interrompidos nos espaços de poder”, disse a VEJA Anielle FrancoMinistro da Igualdade Racial, professor com três mestrados, um deles em relações étnico-raciais.
Anielle gostaria de ter focado toda a entrevista nas ações de seu ministério, como o decreto que emitiu para garantir maior presença de negros na administração pública, em vez de falar sobre a violência de que foi vítima.
Desde a queda de Sílvio Almeidaex-ministra dos Direitos Humanos, denunciada por assédio e assédio sexual por parte de diversas mulheres – desde colegas de governo até estudantes de Direito –, Anielle Franco silenciou sobre o caso. Na edição desta semana de VEJA, Anielle falou sobre o tema.
Na entrevista da coluna, a ministra também discute os avanços de seu ministério em uma sociedade racista e machista, que ela enfrenta diariamente no departamento. Abaixo, publico outros trechos da entrevista do ministro:
Uma de suas primeiras medidas foi editar um decreto para garantir maior presença de negros na administração pública. Expandir a representação negra no governo, na política e nas empresas parece um objetivo muito determinado. É a sua agenda principal?
É um deles. O Brasil é testemunha de que foi preciso um cidadão que passou fome para se tornar presidente para que o país criasse a melhor política de combate à fome, referência em todo o mundo. Somos um país diverso, quanto mais pessoas se parecerem com a população e se comprometerem com políticas para a população, mais justiça e igualdade teremos.
É por isso que precisamos de uma administração pública que conheça a realidade do que significa ser negro neste país e tome as decisões do dia a dia levando isso em conta. Isso faz diferença. E não apenas nas autoridades públicas. Nas empresas também. A pesquisa mostra que empresas mais diversificadas geram mais lucro. O mundo caminha nessa direção e não podemos ficar para trás.
Sua história de vida mais pública começa cedo, como atleta. É um caminho de grande superação, com forte ligação à política e à defesa dos direitos humanos, mas que as pessoas pouco conhecem. Como sobreviver às diversas formas de violência e ainda assim seguir em frente?
Não é fácil, mas uma coisa que aprendi com minha família é sempre correr atrás dos sonhos e fazer o que é certo. E só avançamos porque tem muita gente conosco. Na favela aprendemos que só coletivamente podemos superar os maiores desafios. Trago a verdade, a honestidade, o trabalho coletivo e o desejo de mudança onde quer que eu esteja. Meus valores são inegociáveis, aprendi isso em casa. Vi minha irmã lutar, trabalhar e chegar a um espaço de poder com uma agenda de transformação. Eu a vi assassinada e muitas pessoas tentam usar e manchar sua memória, e mesmo assim estamos aqui, de pé. Maya Angelou tem um poema que carrego comigo em minha vida: “Você pode me atirar palavras duras/ Rasgar-me com seu olhar/ Você pode me matar em nome do ódio/ Mas ainda assim, como o ar, eu me levantarei. Mesmo assim, eu me levanto”
Por que a sociedade insiste em resumir as mulheres, principalmente as negras?
As mulheres negras são a base da sociedade brasileira, somos 28% da população, somos múltiplas e diversas e ocupamos muitos espaços. Liderança de uma agenda universal de bem viver. A tentativa de resumir ou diminuir as mulheres negras é consequência direta do racismo e do sexismo que estruturam as relações sociais em nosso país. Enquanto essas estruturas hierárquicas de opressão determinarem as oportunidades e os caminhos aos quais podemos ou não ter acesso, ainda seremos reféns de narrativas construídas sobre nós, sem nós.
A violência política é um mal que assola o nosso país. Sua irmã foi, infelizmente, um caso concreto desse retrato. Estamos às vésperas das eleições e vários casos aparecem todos os dias. Diante disso, como você define a importância de ter cada vez mais mulheres como você e tantas outras na vanguarda dos espaços de poder e de tomada de decisão?
Acredito muito que as mulheres negras que ocupam espaços de decisão chegam em sua maioria carregando uma agenda de transformação e mudança com políticas para toda a população. Minha missão de vida, além de defender o legado e a memória de Marielle, é trabalhar para que mais de nós não sejamos interrompidos em espaços de poder. É com a presença de mais mulheres e homens negros em cargos legislativos, executivos e judiciais que podemos trabalhar colectivamente para reparar anos e anos de exploração e exclusão de pessoas negras na nossa sociedade. Porque estamos prontos.
Você tem três mestrados, é doutorando em Lingüística Aplicada e continua lecionando sempre que pode. Como a academia e o ensino se conectam com o seu trabalho como ministro?
Ensinar é quem eu sou, é de onde vim e a profissão que escolhi ter há muito tempo. Tenho muito orgulho de ser professora em constante formação. Costumo dizer que nesta função de ministro aprendo algo novo todos os dias, conecto discussões, conceitos, prática e teoria. Formular e executar políticas públicas é extraordinário, apoiar diretamente comunidades inteiras é um processo de aprendizagem constante. Um dia espero poder escrever sobre tudo isso, meus cadernos e anotações de estudo estão sempre comigo.
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