Cármen Lúcia lamenta baixa presença de mulheres no legislativo de Minas

Cármen Lúcia lamenta baixa presença de mulheres no legislativo de Minas



O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carmem Lúciaafirmou que o Brasil tem uma das “piores representações” em cargos no Poder Legislativo. Segundo ela, o número de mulheres, e principalmente de mulheres negras, em cargos de poder é desproporcional à realidade da sociedade.

Em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga, do programa Mais Você, Cármen citou como exemplo o estado de Minas Gerais, seu estado natal. Para ela, a pouca presença desses grupos no legislativo é algo para se atentar.

“Temos uma das piores representações em termos de legislação. Um exemplo que guardo de cor: Minas Gerais tem 853 municípios. Quase um terço não tem mulheres, nem mesmo na Câmara Municipal. Não há vereadora. Nos 853 municípios, (temos) uma única prefeita negra”, criticou Cármen.

“A maior parte da sociedade brasileira é negra, preta e parda. E, no entanto, as mulheres, quase 53%, não têm qualquer representação proporcional. Portanto, é algo em que precisamos pensar. Que tipo de Brasil queremos?” ele perguntou.

Machismo como dissuasor

Na visão do ministro do STF, as mulheres são colocadas em uma posição de cuidado que as impede de se comprometerem com cargos públicos. Durante a entrevista, Cármen citou o exemplo de uma mulher que teve que se mudar para outra cidade para cuidar do filho e abandonou o cargo público.

Para ela, essa é uma forma de “perturbar uma pessoa” e impedi-la de prestar um serviço que poderia beneficiar a todos. “Isso está sendo feito o tempo todo”, disse ele. A ministra também criticou o ditado popular de que “as mulheres não querem” cargos públicos. “Não é um fato.”

“Nesta sociedade chauvinista, sexista, misógina como a que temos, nós mulheres estamos em movimento para garantir os nossos direitos e poder contribuir. Não creio que o cargo público seja um bônus, o cargo público costuma ser um fardo. [Mas] Para as mulheres é mais difícil, muito mais”, afirmou Cármen Lúcia.

Porém, mesmo com os dados, o ministro está entusiasmado com os caminhos a serem trilhados pela sociedade brasileira. “Em alguns pontos, sinto que o Brasil está avançando. Já estamos caminhando, estamos até conversando. Podemos conversar, certo? E estamos juntos. Hoje, mulheres, quando se faz alguma coisa com uma, a outra assume que estão juntas. E esse é um passo muito importante”, comemorou.

Realidade no Legislativo mineiro

De acordo com o Data Center da Jornal Estado de Minasem Minas Gerais, temos 2.336 candidatos a prefeito este ano. Destes, 2.062, ou 88,2%, são homens. São apenas 273 mulheres concorrendo ao cargo, cerca de 11,6%. Um candidato preferiu não se identificar.

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Em relação à raça/cor, 1.467 candidatos a vereadores mineiros se identificam como brancos – 62,7%. São 738 pardos (31,5%) e 108 (4,6%) pretos. Os amarelos são seis (0,2%) e os indígenas cinco (0,2%). Outros 12 (0,5%) não divulgaram a informação.



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