SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O silêncio tomou conta do estúdio minutos antes do debate Folha/UOL na manhã desta segunda-feira (30). A menos de uma semana das eleições que decidirão o próximo prefeito de São Paulo, os candidatos aguardavam atentamente as primeiras palavras da apresentadora Fabíola Cidral.
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Do seu lado direito estavam o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Da esquerda, Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
Atrás das câmeras, sentavam-se um ou dois assessores trazidos por cada candidato, sempre intercalados com seguranças do prédio. Não estavam entre eles Nahuel Medina, cinegrafista de Marçal, nem Duda Lima, feirante do prefeito agredida pelo primeiro no debate do grupo Flow na última segunda-feira (23).
O formato de banco de tempo, que obrigava os candidatos a administrar a duração de seus discursos dentro de um limite estabelecido, e a possibilidade de levantar a mão para fazer intervenções ajudaram a tornar o confronto mais dinâmico e espontâneo. O gelo entre os rivais logo quebrou.
Depois de um primeiro bloco com perguntas dos jornalistas e um segundo com perguntas entre os candidatos, o clima foi de leve provocação durante o intervalo. “Não haverá segundo turno”, disse Marçal aos concorrentes. “Não vai ter para você”, respondeu Boulos, provocando risadas no estúdio.
O influenciador também não conteve o riso quando o psolista fez uma metáfora comparando as supostas obras emergenciais da gestão Nunes a um cachorro-quente, que, segundo ele, na sua gestão “custaria cerca de R$ 300, porque a salsicha custaria ser superfaturado”.
A fala gerou mais um momento de descontração no intervalo, quando o prefeito sacou o celular e mostrou ao rival uma reportagem antiga sobre suposto superfaturamento na compra de salsichas para escolas na gestão Fernando Haddad (PT). “Foi na gestão do Haddad, não na minha, não”, brincou.
Marçal mostrou-se especialmente entusiasmado com o formato do debate, que elogiou repetidamente. “Muito legal, parabéns”, disse ele, entre um aceno e outro de seu advogado Tassio Renam para chamar sua atenção. “Os outros eu estava quase dormindo.”
Enquanto isso, o chefe de comunicação da campanha de Nunes, Leandro Cipoloni, se contorcia na cadeira reclamando que sua posição o impedia de fazer contato visual com o prefeito. Acabou trocando de lugar com o segurança ao lado e passou o resto do debate sentado em um caixote de madeira.
“Esse formato favorece quem é provocador”, criticou ao final do encontro.
Antes do terceiro bloco, os candidatos já haviam utilizado mais da metade dos 20 minutos de fala, o que fez com que a equipe de produção sugerisse cinco minutos extras para cada um, caso todos concordassem. Marçal, que tinha o maior banco de horas da época, foi o único a negar: “É a regra”, argumentou.
“Eles não querem porque têm medo de mim”, comentou Tabata Amaral ao saber da recusa. Ela demonstrou desconforto toda vez que Marçal elogiou sua busca por eleitoras, principalmente quando mencionou que a convidaria para ser sua secretária de Educação.
Após o intervalo, as interações ficaram mais tensas, principalmente entre Marçal, Nunes e Boulos. O influenciador perguntou incansavelmente ao prefeito qual o motivo que levou sua esposa, Regina Carnovale Nunes, a registrar um boletim de ocorrência contra ele, em 2011, por violência doméstica.
O assunto, já levantado em outros debates e audiências, tende a levar Nunes a sério. Desta vez não foi diferente? O prefeito ficou cada vez mais irritado. Principalmente quando o seu tempo já se esgotou e Marçal continuou a fazer a mesma pergunta.
Ao final do debate, Fabíola Cidral propôs uma foto entre os candidatos, mas o pedido foi recebido com pouco entusiasmo. Marçal recusou-se a posar com os concorrentes e sugeriu gravar apenas com o apresentador. “Remover [a foto] você do consórcio comunista no Brasil”, disse.
No final, não havia imagem. Boulos desviou dizendo que precisava ir ao banheiro, Marçal disse que faria o mesmo e pediu à equipe de produção que lhe permitisse o acesso ao banheiro do andar de cima, evitando um encontro entre os dois.
Nunes, que se confundiu com o tempo e evitou uma série de perguntas ao longo da reunião, saiu rapidamente do estúdio cercado de assessores. Ele disse que iria ao vestiário com sua equipe antes de ir para entrevistas com a imprensa reunida do lado de fora.
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