Ministro das Relações Exteriores articula a repatriação de brasileiros que pretendem deixar o Líbano

Ministro das Relações Exteriores articula a repatriação de brasileiros que pretendem deixar o Líbano


Mauro Vieira se reuniu no fim de semana com seu colega do país árabe, Abdallah Habib. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Uma possível operação de repatriação de brasileiros que pretendem sair do Líbano foi tema, neste final de semana, de reunião entre os chanceleres dos dois países, Mauro Vieira e Abdallah Habib. Com duração aproximada de 40 minutos, a conversa aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

O foco da discussão foi a situação de risco enfrentada atualmente pela população do país árabe, cenário de uma escalada de ataques do Exército israelense. Embora o foco da ofensiva do governo judaico seja o grupo extremista Hezzbollah, os impactos também atingiram instalações civis. Só na semana passada, mais de 700 pessoas morreram, incluindo dois brasileiros.

O Líbano abriga o maior contingente de brasileiros entre os países do Oriente Médio: 21 mil indivíduos. Em seguida no ranking estão Israel (14 mil), Emirados Árabes Unidos (9,6 mil) e Jordânia (3 mil).

A embaixada do Brasil em Beirute, capital do país, já está coletando dados dos brasileiros no país para iniciar o processamento dos procedimentos necessários para um possível retorno para casa nesta terça-feira (24). O procedimento, porém, pressupõe a expressão da vontade do indivíduo.

Outro passo necessário é a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia a medida. Assim que ele rubricar a autorização, aeronaves da Força Aérea Brasileira – já em prontidão – decolarão em direção ao país árabe para resgatar o grupo, cujo número de integrantes ainda não é conhecido.

Nos últimos dias, o Itamaraty tem orientado os brasileiros que vivem no Líbano. Entre os principais estão:

– sair do Líbano pelos seus próprios meios;
– evitar aglomerações e manifestações;
– evitar viajar para o sul do país (onde se concentra o conflito);
– evitar regressar ao Líbano até que a situação melhore.

Mauro Vieira, aliás, já realizou diversas reuniões bilaterais. No dia 26, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Bassam Sabbag, para discutir temas como a crise em Gaza (resultado da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas) e as perspectivas de propagação regional do conflito, especialmente em Líbano e Síria. .

Rotas de fuga

O Líbano faz fronteira com a Síria nas regiões Norte e Leste do seu mapa. Fontes ligadas ao Itamaraty relatam que uma das possibilidades que está sendo avaliada é a utilização de bases russas na Síria para retirar brasileiros que desejam sair.

Além disso, na costa oeste, onde está o mar, o Líbano fica a cerca de 200 quilómetros de Chipre, um país do Mar Mediterrâneo que poderia ser uma alternativa.

Neste momento, a fronteira sul do Líbano (com o Norte de Israel) não seria considerada uma opção, por razões quase óbvias.