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A Editorial Sul
| 28 de setembro de 2024
Mais de cem pessoas foram aos Estados Unidos assistir ao discurso de Lula na abertura da assembleia da ONU. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Para demonstrar que o Brasil voltava com força ao cenário global após o isolamento durante o governo Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a viajar pelo mundo antes mesmo de assumir o cargo. Depois, como presidente, adoptou uma agenda internacional frenética. Nos primeiros oito meses de governo, visitou 19 países das Américas, Europa, Ásia e África. Em cada viagem, Lula costuma ser acompanhado por uma comitiva de ministros, diplomatas, assessores, seguranças e todo tipo de associados. As viagens internacionais da administração pública federal, fundações e municípios em 2023, primeiro ano do mandato de Lula, chegaram a 22.494 e custaram R$ 296,6 milhões aos cofres públicos. Na comparação com o ano passado de Bolsonaro, esses números cresceram, respectivamente, 38% e 28%.
A delegação levada a Nova Iorque para a 79ª Assembleia Geral da ONU ilustra o exagero que as viagens ao estrangeiro se tornaram sob este governo. Entre autoridades e assessores, incluindo a primeira-dama Janja Lula da Silva, mais de cem pessoas foram aos Estados Unidos assistir ao discurso de Lula na abertura da assembleia. Não há necessidade de examinar a lista de viajantes com uma lupa para identificar o desperdício de dinheiro público num momento de grave crise fiscal.
Presente na delegação, a ministra da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos, Esther Dweck, já tinha desembarcado em Nova Iorque este ano. Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas e outro membro da delegação, visitou 12 países desde que assumiu o cargo. Esteve nos aeroportos de Amsterdã, Londres, Roma, Paris, Dubai, Vancouver, Caracas e Cartagena, entre outros. De Brasília a Manaus, viajou apenas cinco vezes. Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, também acompanhou Lula a Nova York. Em 21 meses no comando, fez 12 viagens ao exterior.
É perfeitamente possível que a maioria dos ministros consiga apresentar boas justificativas para participar em eventos no estrangeiro. Mas, nestes tempos de trabalho remoto e videoconferências, você deveria pensar mais antes de sair do país. Nem toda viagem é planejada com bastante antecedência. Comprados de última hora, os ingressos ficam mais caros. As taxas diárias dos consultores elevam as despesas às alturas. Podem não ser tão elevados tendo em conta a dimensão do Orçamento, mas as autoridades precisam de demonstrar mais parcimónia e dar um exemplo de austeridade. A forma mais eficaz de melhorar a imagem do Brasil e de alavancar projetos e investimentos estrangeiros é trabalhar dentro das fronteiras do país para que mais resultados positivos apareçam e atraiam o interesse internacional. O esforço para projectar o país no exterior e fortalecer as relações com estrangeiros merece ser adiado. (Opinião/Jornal O Globo)
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Nos primeiros oito meses de governo, Lula visitou 19 países das Américas, Europa, Ásia e África
28/09/2024
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