Diante da preocupação crescente com o impacto das apostas online na renda das famílias brasileiras, deputados e senadores protocolaram diversos projetos para revisar a lei das empresas de apostas

Diante da preocupação crescente com o impacto das apostas online na renda das famílias brasileiras, deputados e senadores protocolaram diversos projetos para revisar a lei das empresas de apostas


O Congresso trabalha para impor limites às atividades de apostas. (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

Diante da crescente preocupação com o impacto das apostas online na renda das famílias brasileiras, deputados e senadores protocolaram nos últimos dias diversos projetos de revisão da lei de apostas – aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final do último ano – , que está em fase regulatória. Entre as medidas sugeridas pelos parlamentares estão a limitação de valores de apostas para beneficiários de programas sociais e a proibição de publicidade de apostas e até transferências via Pix para apostas.

Em outra frente, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou audiência pública sobre o tema para o dia 11 de novembro, como parte de ação apresentada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) apresentou dois projetos de lei. A primeira delas propõe limitar os valores das apostas de pessoas cadastradas no CadÚnico – utilizado para incluir famílias de baixa renda em programas sociais, como o Bolsa Família –, idosos e pessoas com dívidas negativadas ou com dívidas ativas.

A proposta sugere a esses grupos “limites às perdas financeiras, seja em valor absoluto ou percentual; restrição de transferências mensais para plataformas de apostas e limitação de valores mensais transferidos, com base nos rendimentos declarados pelo apostador”.

A justificativa do projeto cita estudo do Banco Central que mostra que, só em agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões via Pix para plataformas de apostas. “Embora se argumente que são as próprias famílias quem melhor sabe utilizá-lo, de acordo com as suas necessidades específicas, não se pode negar que os beneficiários se encontram em condições de vulnerabilidade social que exigem limitações às apostas”, afirma Vieira.

O deputado Mendonça Filho (União-PE) propôs classificar a publicidade de apostas de acordo com a idade e restringir o horário de veiculação das peças, além de exigir alertas claros sobre os riscos de dependência e perdas financeiras associadas aos jogos de azar.

O deputado Luiz Gastão (PSD-CE) está coletando assinaturas para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que equipara apostas esportivas a bebidas alcoólicas, fumo, agrotóxicos e remédios, além de impor restrições legais à publicidade comercial do setor, com a exigência de alertar sobre danos.

No final de julho, o Ministério da Fazenda publicou uma portaria com regras para prevenir e punir a publicidade abusiva e exigir que as apostas realizem ações de combate aos transtornos de dependência.

Não existem, no entanto, critérios específicos para esta classificação, que caberia a cada empresa – “desde que cumpra os requisitos mínimos definidos na portaria”, sublinha o ministério. Além disso, estas regras só entrarão em vigor em janeiro de 2025.

Monitoramento

Na quarta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a regulamentação prevê uma modalidade de monitoramento dos CPFs. “Poderemos ter um sistema de alerta em relação às pessoas que estejam revelando certa dependência psicológica do jogo”, afirmou, durante evento promovido pelo banco Safra.

O deputado Carlos Hauly (Podemos-PR) propôs a proibição de qualquer meio eletrônico de pagamento para realização de apostas – inclusive via Pix, meio predominante de transferência para plataformas de jogos.

O deputado propõe que a utilização de meios eletrônicos para apostas pode resultar em multa de até R$ 5 milhões, suspensão das atividades da plataforma por 12 meses e até perda da autorização concedida pelo Tesouro para funcionamento.

Regulamentação do Ministério da Fazenda já prevê a proibição do uso de cartão de crédito em apostas, mas a regra só entrará em vigor em janeiro de 2025.