Há muitas semelhanças que cercam o novo empreendimento de Valter Salles no Oscar em comparação com a experiência anterior do diretor, em 1999. Naquele ano, Brasil Central concorreu na categoria de melhor filme estrangeiro e Fernanda Montenegrocomo melhor atriz. Agora, o novo longa-metragem do cineasta brasileiro, Eu ainda estou aquipode repetir o feito: a produção representará o Brasil na busca por uma vaga na categoria de melhor filme internacional (ex-filme estrangeiro), e Fernanda Torres, filha de Montenegro, foi cotada para concorrer ao Oscar de atriz. Fernandona, aliás, também está no elenco, interpretando a mesma personagem da filha, mas já em idade avançada. Além de ter a mesma atriz e a chance de competir nas mesmas categorias de Brasil Central, Eu ainda estou aqui se depara com outra coincidência: nesta terça-feira, 24, a Itália anunciou o seu escolhido do Oscar, o filme vermelhãoambientado durante a Segunda Guerra Mundial – lembrando que, Brasil Central perdido para o drama de guerra italiano A vida é belaque aconteceu em um campo de concentração.
Com uma tradição cinematográfica muito forte, a Itália é o país mais premiado na categoria competitiva onde se agrupam todos os filmes falados em língua não inglesa. No total, o país venceu quatorze vezes e teve 33 indicações – a França, em segundo lugar, teve doze vitórias e 41 indicações. O último longa-metragem italiano a ganhar o prêmio foi A Grande Belezapor Paolo Sorrentino, em 2013.
Até o momento, porém, vermelhão não demonstrou a mesma força que Eu ainda estou aqui – ao contrário do que aconteceu há 25 anos: quando Central competiu contra A vida é belao drama italiano entrou na disputa como favorito, pois também havia sido indicado na categoria melhor filme. O troféu de melhor atriz ainda hoje causa discórdia (não apenas entre os ferrenhos brasileiros). Fernanda, ao lado das favoritas Cate Blanchett, por Elisabetee Meryl Streep, com Um amor verdadeiroforam preteridos por Gwyneth Paltrow, desde o brando Shakespeare apaixonado. O romance ganhou sete estatuetas no total, incluindo melhor filme – superando produções muito melhores, como Salvando o Soldado Ryan e, novamente, Elisabete.
Qual é a história de Eu ainda estou aqui?
O filme conta a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro homônimo em que Eu ainda estou aqui é baseado. Mãe de cinco filhos, Eunice, interpretada por Fernanda Torres na maioria das cenas e por Fernanda Montenegro nos momentos finais, teve que lidar com o desaparecimento do marido, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), em 1971 , após ser levado a prestar depoimento por agentes da ditadura militar. Ela se reinventou, matriculando-se na faculdade de Direito e tornando-se especialista na defesa dos povos indígenas.
Em quais categorias o filme pode ser indicado?
Teoricamente, Eu ainda estou aqui podem concorrer em todas as categorias focadas em longas-metragens de ficção. Entre as apostas de especialistas, o filme é título de força entre os longas internacionais — seu principal concorrente até o momento é Emília Pereznomeado pela França. A última vez que o Brasil foi indicado na categoria filme internacional foi em 1999, com Brasil Centraltambém de Walter Salles e com Fernanda Montenegro no elenco. Assim como Fernanda foi indicada como melhor atriz na época, Torres também é cotada para conseguir a indicação e repetir o feito da mãe.
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