Documento assinado no Brasil por representantes de 44 delegações propõe estratégias para o turismo

Documento assinado no Brasil por representantes de 44 delegações propõe estratégias para o turismo


Em novembro, a Carta de Belém será entregue na Cúpula Presidencial do G20, que será realizada no Rio de Janeiro. (Foto: Roberto Castro e Uchôa Silva/MTur)

Ampliar o financiamento para micro, pequenas e médias empresas, consolidar uma plataforma agregadora de iniciativas e dados do setor, além de investir no capital humano, especialmente na qualificação inclusiva, estão entre as propostas contidas na Carta de Belém, documento que reúne as propostas elaboradas por técnicos do turismo com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento do setor de forma sustentável.

“É a entrega do G20 ao mundo de um modelo de desenvolvimento econômico que trará mais oportunidades, cooperação e, sobretudo, sustentabilidade ao turismo”, disse o ministro do Turismo, Celso Sabino, na abertura do encontro com representantes de 44 delegações reunidos em Belém, no Pará.

Acrescentou que as alterações climáticas trazem ainda mais urgência ao debate para incentivar a adopção de práticas que ajudem a construir uma indústria turística sustentável e a impulsionar o crescimento económico.

“O mundo está a viver um processo de transformação climática que exige que os líderes olhem para a agenda de sustentabilidade em todos os setores. Temos em mãos uma arma importante que é o turismo, para garantir um futuro de preservação ambiental, proteção das florestas e dos nossos mananciais.”

O documento conclui trabalhos iniciados no início deste ano. O encontro em Belém, realizado entre quinta e sábado, é o quarto encontro para discutir propostas do setor turístico.

Os delegados que preferiram permanecer anônimos disseram que as discussões continuaram sem intercorrências, com exceção das manifestações feitas por alguns países contra a guerra da Rússia contra a Ucrânia, enquanto técnicos russos participavam dos trabalhos em Belém.

Apesar disso, foi tirada a foto reunindo todos os líderes do turismo participantes, incluindo um representante da Rússia.

O objetivo é alinhar recomendações que ajudem a impulsionar o turismo sustentável, resiliente e inclusivo. Os participantes comprometem-se a alinhar esforços para cumprir os objetivos sustentáveis ​​estabelecidos pela agenda climática da ONU até 2030.

Em novembro, a Carta de Belém será entregue na Cúpula Presidencial do G20, que será realizada no Rio de Janeiro.

Investimentos prioritários

O documento destaca duas iniciativas da presidência brasileira neste ano no G20. Uma delas é a elaboração de um relatório sobre linhas de financiamento e áreas prioritárias de investimento no turismo. O documento enfatiza o papel dos mecanismos financeiros no estímulo ao avanço do turismo e como desencadeador de impactos sociais, ambientais e económicos positivos em diversos sectores.

A carta recomenda que as organizações multilaterais e internacionais, além das instituições financeiras, forneçam linhas de crédito em quatro áreas prioritárias: resiliência climática e turismo positivo para a natureza, desenvolvimento social, criação de novos produtos turísticos nas comunidades locais e desenvolvimento de infra-estruturas turísticas partilhadas.

O outro ponto em que a liderança do Brasil foi destacada é que, este ano, aumentou o número de estudos de caso listados no Painel Turismo, ferramenta que agrega e divulga as melhores práticas e iniciativas adotadas pelo setor e que contribuem para o desenvolvimento do turismo sustentável, mais que dobrou.

“Destaco o centro de resiliência que estamos implantando no sul do país, que nos permitirá ter técnicos trabalhando e estar organizados para superar eventos como os que ocorreram no Rio Grande do Sul com mais rapidez para superar eventos como os que estão acontecendo agora em relação aos incêndios”, explicou Sabino, adiantando que a inauguração acontecerá até ao final do ano.

Isto indica que é necessário ampliar ainda mais o uso desta plataforma como um hub de informações sobre políticas e ações tomadas nesta área. É uma forma de conectar interessados ​​em encontrar soluções para desafios semelhantes, ajudando a encontrar soluções.

O documento destaca também a importância de aumentar a produção de dados fiáveis ​​e comparáveis ​​que integrem informação sobre os impactos económicos, sociais e ambientais do turismo. É uma posição que considera o estabelecimento do Quadro Estatístico para Medir a Sustentabilidade do Turismo, sob os auspícios da Comissão de Estatísticas da ONU. Este marco orientará as decisões em diferentes partes do mundo no sentido da gestão sustentável da indústria do turismo. A informação é do jornal O Globo.